Isenção para compra de cereal de fora do Mercosul terminou nesta quarta-feira, 31; entidade defende que medida é importante para dar alternativas ao setor de carnes
O governo federal havia reduzido a Tarifa Externa Comum (TEC) para importação de milho de fora do Mercosul. Porém, o benefício terminou nesta quarta-feira, 31. Em nota ao Canal Rural, a Associação Brasileira de Proteína Animal (ABPA) informa que solicitará nova redução.
A entidade diz ter conversado com a ministra da Agricultura, Tereza Cristina, e com a Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) sobre o assunto. Segundo a ABPA, foi garantido por essas autoridades que há oferta de insumos em território brasileiro suficiente para a demanda interna e para as exportações.
“Ao mesmo tempo, é importante contar com a alternativa de fornecimento externo, ampliando o acesso a outras fontes de grãos, reduzindo as disparidades que existem entre as facilidades para exportar insumos e as dificuldades impostas para a importação”, frisa a associação.
O diretor-técnico da Associação dos Criadores de Mato Grosso (Acrimat), Francisco Manzi, afirma que o impacto da isenção até agora foi pequeno, pois o Brasil importou apenas duas cargas de milho dos Estados Unidos. Porém, a entidade vê a medida com bons olhos por questão de livre mercado.
“O Brasil participa da Aliança Internacional da Carne, representado pelo Acrimat, em que os sete maiores países exportadores de carnes do mundo tem como viés principal a livre negociação, o livre mercado, e contra qualquer tipo de barreira, tarifária ou não tarifária, que não seja exclusivamente baseada na ciência”, diz Manzi.
O presidente da União Nacional do Etanol de Milho (Unem), Guilherme Nolasco, concorda que a importação de fora do Mercosul é pouco representante, “mas seria importante ter a oportunidade de alíquota zero para importação em momentos de mercado enxuto”.
Vai faltar milho?
A oferta de milho no Brasil está bastante justa, o que tem levado as cotações do cereal a bater recordes e espremer as margens do setor de proteína animal. Além disso, com o atraso no plantio da segunda safra, entidades temem que a produção possa sofrer quebras por conta do clima, complicando ainda mais a situação.
“Acredito ser cedo demais para isso [tirar a isenção]. Se as chuvas não transcorrerem normalmente, teremos uma quebra de produção. O Ministério da Agricultura deveria manter essa isenção por mais algum tempo”, defende o presidente da Associação dos Criadores de Suínos de Mato Grosso (Acrismat), Itamar Canossa.
Este mês, a ABPA vem reforçando que a indústria e os produtores precisam de alternativas ao milho. Uma das possibilidades é incentivar o cultivo de cereais de inverno que possam ser usados na ração dos animais.
Além disso, o presidente da associação, Ricardo Santin, diz que a cadeia de carnes precisa de maior capacidade de armazenamento de grãos para garantir fornecimento de milho a um custo razoável. “O setor precisa de mais armazenagem, para o produtor (de carnes), construir mais armazéns para a integradora, para que possa se adiantar (na aquisição de milho) e ter mais estabilidade”, argumenta.
Na área de financiamentos para investimentos, as entidades propõem que o Ministério da Agricultura busque a gestão de novas linhas de crédito.
Fonte: Canal Rural