Bastou uma assinatura do Cade para renovar as apostas do mercado numa fusão entre Marfrig e BRF. Na sexta-feira, um despacho publicado no Diário Oficial deu o sinal verde da superintendência do órgão antitruste para a compra de 31,7% da BRF pela Marfrig, um negócio de US$ 1,2 bilhão.
Os conselheiros do Cade ainda podem levar o caso ao plenário, mas a decisão fez as ações das duas companhias dispararem nesta segunda-feira, liderando o Ibovespa. A dona da Sadia valorizou 7%, avaliada em R$ 21,3 bilhões, enquanto a firma de Marcos Molina subiu 7,15%, atingindo um market cap de R$ 17,2 bilhões.
A euforia é antecipada: por enquanto, não há tratativas para uma fusão. Mas… mais cedo ou mais tarde, o movimento parece telegrafado.
Para um interlocutor privilegiado, a reação positiva à aprovação do Cade embute uma lógica matrimonial. É como se BRF e Marfrig estivessem namorando e agora engatassem o noivado. O próximo passo, portanto, seria o casamento, avalia. Não há data exata para o festa, mas abril– quando vence o mandato do conselho liderado por Pedro Parente pode ser um momento para atualizar o status.
“Quem faz contas, pode estar vendo as sinergias de logística e distribuição que uma fusão pode gerar”, argumenta uma fonte simpática à ideia. Além disso, a disparada das ações também pode estar conjugada a uma realocação de fundos que saíram de Vale, mas querem ficar com exposição a commodities.
Na sexta-feira, o Morgan Stanley deu bons motivos para justificar um investimento nas ações de proteína animal. O banco não cobre a companhia de Marcos Molina, mas recomendou a compra das rivais JBS e Minerva devido à escassez global de carne bovina. Se a lógica bullish dos analistas para o negócio da JBS nos Estados Unidos forem extrapolados para a National Beef, divisão americana da Marfrig, significa que o tempo de vacas gordas pode se alongar o que representaria mais caixa para a Marfrig avançar sobre a dona da Sadia e eventual maior interesse da BRF em compor essa união.
Fonte: Valor Econômico