Nas praças de SP, uma arroba de boi gordo permitiu comprar apenas 3,19 sacas do cereal em agosto, bem abaixo da média histórica de 5 anos, de 4,07 sacas/@
O mês de agosto encerrou (parcial até o dia 27) com o segundo pior nível mensal da relação de troca “boi/milho” deste ano, no valor de 3,19 sacas por arroba, considerando as praças paulistas, informa o economista Yago Travagini, da Agrifatto.
A pior relação de troca de 2021 foi computada em maio, quando ficou em 3,08 sacas de milho para cada arroba negociada no mercado paulista.
O movimento recente de queda na arroba do boi gordo explica a piora no poder de compra de milho para o pecuarista, justifica o analista, acrescentando que a relação de troca observada em agosto foi 2,53% pior na comparação com julho/21, quando ficou em 3,27 sacas/@.
Na parcial de agosto, o preço médio da arroba em São Paulo foi de R$ 315,14/@, um recuo de 1,08% sobre o preço médio do mês anterior.
Por sua vez, no mesmo intervalo de comparação, o milho encerrou com preço médio de R$ 98,97/saca de 60 kg, em Campinas/SP, com elevação de 1,72% sobre o mês de julho/21, e o segundo maior valor médio mensal de toda série histórica, compara o consultor da Agrifatto.
Segundo Travagini, o preço do milho registrou retração semanal de 2,1% na praça de Campinas, atingindo na última semana do mês (até 27 de agosto) o valor médio de R$ 97,38/sc.
Nos meses finais de 2021 e início de 2022, o valor da saca do milho deve oscilar entre R$ 95 e R$ 100/saca, prevê o consultor.
“O cenário que se desenha para o pecuarista nos próximos nove meses é bastante desafiador e, até o momento, não há indicações que os preços do cereal devem registrar recuos significativos”, reforça ele.
As indicações dos futuros do boi e do milho na B3 também estão em sincronia, mantendo as relações de troca estabilizadas e, ao mesmo tempo, pressionadas abaixo da média histórica de cinco anos, que é de 4,07 sc/@, acrescenta.
Segundo Travagini, as projeções iniciais para o plantio da safra de verão do milho não são de aumento expressivo da área cultivada no Brasil, o que traz dúvidas sobre a oferta do grão a partir de março 2022, especialmente para as regiões Sul e Sudeste, que são as principais produtoras do “milho 1ª safra” e estão susceptíveis aos efeitos do fenômeno climático (como a ocorrência de La Niña).
Farelo de soja – O mês de agosto/21 (parcial até dia 27) também trouxe redução mensal de 3,2% no poder de compra do farelo de soja, relata Travagini.
Hoje, o pecuarista consegue adquirir 3 toneladas de farelo com a venda de 1 boi de 20@.
O derivado encerrou o mês com preço médio de R$ 2.101,09/toneladas em Rio Verde/GO, valorização de 2,2% comparado ao mês de julho/21.
O principal fator para esse aumento foi a elevação dos preços do grão, o que também impactou negativamente o valor do farelo.
No entanto, estima o consultor da Agrifatto, fatores como a consolidação da safra de soja nos EUA e boas perspectivas para o início plantio da safra no Brasil devem ajudar a esfriar os preços do farelo.
Dados do MT – Levantamento realizado pelo Instituto Mato-Grossense de Economia Agropecuária (Imea) também constatou elevação na relação de troca farelo de soja versus boi gordo no Estado, neste mês de agosto.
O preço do subproduto da oleaginosa apresentou avanço de 1,72% em relação ao mês anterior, para R$ 2.205,28/toneladas, em média, informa o Imea.
Por sua vez, no mesmo período de comparação, a arroba do boi gordo no Mato Grosso registrou queda de 0,43%, para R$ 300,69/@, em média.
Essa baixa na arroba foi puxada pela melhora na oferta de gado oriundo de confinamento, além da retração na demanda doméstica de carne bovina.
Desse modo, ao analisar a relação de troca entre a arroba e o farelo de soja, o produtor precisou desembolsar 7,33 arrobas de boi gordo, um aumento de 2,12% em relação ao mês anterior.
No entanto, apesar do acréscimo, a relação de troca é 17,56% menor quando comparada com agosto de 2020, compara o Imea.
Fonte: Portal DBO