Áreas de pastagens nas porções sul e sudoeste do País foram prejudicadas. Apesar disso, a tendência é que o mercado de reposição continue firme, apontam analistas
As fortes geadas dos últimos dias não só derrubaram a produção de milho em diversas áreas nas regiões Sul, Sudeste e sul do Centro-Oeste, mas também as pastagens.
Inúmeros produtores reportaram perdas do pasto. Assim como a queda da temperatura, esfriou ainda mais o mercado de reposição.
“Quem que vai querer comprar reposição agora? E para botar onde?”, pergunta a médica veterinária e economista, Lygia Pimentel, da Agrifatto, consultoria de mercado agropecuário de São Paulo (SP).
Lygia e o economista Daniel Latorraca, superintendente do Instituo Mato-Grossense de Economia Agropecuária (Imea), foram os convidados do DBO Entrevista que foi ao ar na terça-feira (20). O programa debateu as tendências para o mercado de bezerros até o final do ano e que se pode esperar de 2022.
Para os analistas, apesar da queda de preços atual – cerca de 2%, de meados de maio para julho, e as perdas de pasto, por conta das geadas, a tendência é que o mercado de reposição ainda continue firme.
“Os preços de reposição, apesar da redução, também se mantêm no patamar muito elevado. Se levar em conta os últimos 12 meses, a variação chega a 83%, demonstrando realmente que a gente vive o cenário ainda de escassez de animais para reposição”, avalia Daniel.
Movimento normal
A queda de preços dos animais averiguada nos últimos dias, então, não refletem uma tendência, e, sim apenas um movimento normal com a chegada da seca, a piora nas pastagens, que foi agravada ainda mais com a incidência de geadas.
“Essa inviabilidade da passagem momentânea acaba causando uma oferta maior de animais, e os preços acabam perdendo esse suporte”, diz Lygia.
Os preços só devem cair mesmo a partir de 2022 e 2023, quando começa a se perceber um maior volume de animais de reposição sendo ofertados no mercado.
“A gente acredita que em 2022 vai ter a maior produção de bezerros desde 2016. Então fica aí acende-se uma luz amarela para o criador, sobre o que ele fará da vida daqui para frente”, diz Lygia.
Perfil da pecuária mato-grossense
Para o superintendente do Imea, a atividade pecuária no Estado está bem dividida. De um lado, a pecuária de cria se vê pressionada com o processo natural do avanço da agricultura sobre as áreas de pastagens, e do outro um grande avanço da engorda intensiva de gado, cada vez mais ao lado da produção de grãos.
Segundo o economista, apesar da queda de 20% do número de animais confinados no Estado como um todo – saindo de 759 mil animais, no ano passado, para 606 mil bovinos, este ano, a região do médio-norte, cortada pela BR 163, deve crescer o número de animais confinados, somando
“A região está crescendo 116% em relação ao que fechou no mesmo período no ano passado, com cerca de 170 mil cabeças. Uma região que a gente brinca que não tem 1 hectare de pasto sequer”, diz Daniel.
Fonte: Portal DBO