A influência do clima no Corn Belt sobre o mercado de grãos é cada vez maior no mercado de grãos e, para alguns analistas internacionais, no caso da soja, os olhos dos investidores já estão em agosto. O mês é, tradicionalmente, determinante para a cultura da soja, porém, neste ano o plantio da oleaginosa aconteceu de forma bastante rápida, registrou ritmo recorde e agora, em meados de julho, o USDA (Departamento de Agricultura dos Estados Unidos) já registra 46% dos campos de soja no estágio de floração, acima da média de 40% para este período.
“A soja já enfrenta algum stress já que tende a formar vagens mais cedo, e mais fatores podem estar envolvidos neste processo”, acredita o economista chefe de commodities da StoneX, Arlan Suderman.
No mapa abaixo é possível observar que há muitos estados que sofrem com as atuais condições climáticas e onde os campos de soja já apresentam índices avançados de formação de vagens.
Assim, já em julho as condições de clima trazem preocupações e sinalizam que os novos boletins mensais de oferta e demanda do USDA podem trazer ajustes para baixo nas estimativas de produtividade tanto da soja, como do milho. Afinal, este é o mês decisivo para o rendimento das lavouras do cereal.
Segundo o último boletim diário do Commodity Weather Group (CWG), para julho o stress causado pelas poucas chuvas e pelas altas temperaturas deverá alcançar cerca de 15% das áreas de soja e milho do Meio-Oeste americano. Os estados mais afetados pelas adversidades continuam sendo os do extremo norte e mais a oeste dos EUA, como as Dakotas, Minnesota, Nebraska, Iowa e Wisconsin.
Os mapas do CWG mostram que nos próximos cinco dias – de 13 a 17 de julho – há algumas chuvas pontuais para estes estados. No entanto, para os dois períodos sequentes – de 6 a 10 e 11 a 15 dias – as chuvas deverão ficar abaixo da média em quase todo o cinturão, como mostram as imagens abaixo.
Além das poucas e mal distribuídas precipitações para o oeste e norte dos Estados Unidos, o mercado também se atenta ao excesso nas regiões mais a leste, que provocam saturação dos solos e cheias em alguns pontos de produção.
“Localmente no Meio-Oeste os volumes chegaram a algo entre 76,8 e 153,6 mm de chuvas, trazendo ameaça de enchentes. Mas, o padrão seco retorna na próxima semana”, explicam os meteorologistas do Commodity Weather Group.
E também a partir da próxima semana os mapas mostram temperaturas mais altas do que a média para este período do ano, com ainda mais intensidade nas regiões que sofrem com a falta de chuvas regulares.
Os mapas do NOAA, o serviço oficial de clima dos EUA, mostram que as condições de temperaturas para os próximos 6 a 10 e 8 a 14 dias são bastante preocupantes, em especial para as regiões no extremos noroeste dos EUA.
“O USDA se manteve otimista em relação a uma produção recorde de milho, o que parece ser números difíceis de alcançar, ainda mais com a continuidade do clima desfavorável nas Dakotas e Norte do Corn Belt”, explica o diretor do Grupo Labhoro, Ginaldo de Sousa.
A polinização do milho está em andamento nos EUA e pelas redes sociais os produtores norte-americanos já começam a relatar o desenvolvimento de suas safras e as preocupações que começam a aparecer.
“O milho começa a polinizar em Minnesota e os primeiros campos nos mostram como essa polinização começou. A parte da espiga mais próxima do caule da planta não polinizou muito bem, o que pode significar menos rendimento para o milho do estado. E o calor volta nos próximos dias”, diz Darren Frye, pelo Twitter.
Já em Illinois, não só a polinização do milho vai bem, como a floração e formação de vagens vai muito bem e traz boas perspectivas. “Há ainda muito tempo para a conclusão da nova safra e muitos dias ainda necessários de clima favorável para as lavouras. Mas até aqui, tudo bem para o estado”, diz Karen Braun, especialista internacional de commodities que visita anualmente as lavouras norte-americanas.
Campos de soja e milho no Sudeste de Illinois – Fotos: Karen Braun
Assim, segue a volatilidade entre os grãos negociados na Bolsa de Chicago e cada novo dia, cada novo mapa pode trazer um direcionamento para os preços. Atenção, porque os próximos dez dias deverão ser cruciais.
Fonte: Notícias Agrícolas