A adoção de tecnologias digitais no agronegócio brasileiro deve crescer de forma significativa, apontou o presidente da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa), Celso Moretti. “O processo de transformação digital no agronegócio brasileiro é um caminho sem volta. Não temos dúvida que o uso de internet das coisas (Iot), drones, simulação computacional, sensores, inteligência artificial, visão computacional, aplicativos e softwares para apoiar o desenvolvimento da agricultura só vai aumentar”, disse Moretti, durante live de lançamento do “Radar Agtech Brasil 2020-2021”, realizado nesta manhã.
No evento, Moretti destacou que agricultura digital é uma das prioridades da estatal, que tem vários centros voltados ao desenvolvimento de soluções e tecnologias para agropecuária. “Oportunidades são enormes nessa área e vão trazer mais uma onda de grande desenvolvimento, competitividade e sustentabilidade para o agro brasileiro”, afirmou o presidente da Embrapa. Entre as áreas potenciais para desenvolvimento de novas tecnologias digitais, Moretti apontou a sustentabilidade como uma área para ser ainda mais explorada pelas startups voltadas ao agronegócios, as chamadas agtechs. “O mundo todo está de olho na questão ambiental. Existe uma avenida enorme a ser explorada na questão da descarbonização. Existe a possibilidade de se desenvolver calculadoras, aplicativos que mensurem a pegada de carbono dos alimentos, além das finanças verdes”, apontou Moretti.
A contribuição das agtechs para sustentabilidade também foi destacada pelo secretário de Inovação do Ministério da Agricultura, Fernando Camargo, presente no evento. “A agricultura verde veio para ficar e temos que entender esse movimento. Nesse cenário, entram rastreabilidade e série de itens que as agtechs podem ajudar com soluções digitais. É um terreno muito fértil em que as agtechs podem nos ajudar dentro e após a porteira”, apontou Camargo.
Radar Agtech Brasil – Em relação ao Radar Agtech Brasil, estudo realizado pela Embrapa, em parceria com a SP Ventures e a consultoria Homo Ludens, com apoio do Ministério da Agricultura, o presidente da Embrapa avaliou que o levantamento demonstrou o fortalecimento do ecossistema de inovação e uma maior inserção das agtechs no agronegócio brasileiro. “Observamos que o Centro-Sul do Brasil concentra mais de 90% dessas startups, mas também vimos o crescimento dessas startups no Nordeste – uma fronteira ainda a ser desenvolvida na produção de alimentos nos próximos anos”, disse Moretti no evento de lançamento.
O levantamento divulgado nesta semana apontou que o agronegócio nacional conta com 1.574 startups voltadas ao setor, crescimento de 40% em comparação com o número de agtechs que estavam ativas em 2019. “O estudo mostrou que mesmo com a pandemia de covid-19 continuou havendo grande investimento nas agtechs”, pontuou a diretora executiva de Inovação e Tecnologia da Embrapa, Adriana Regina Martin.
O sócio-diretor da SP Ventures, fundo de investimentos em agtechs, Francisco Jardim, disse que o radar é uma das principais fontes de consulta para investimentos em startups do setor. “Esse número de 1.574 startups não nos surpreendeu, porque vimos a pujança diária do setor. Tivemos mais de uma startup criada por dia durante a pandemia. 2020 foi mais um trampolim para agricultura digital no Brasil”, avaliou. O executivo acrescentou que o levantamento permite também maior transparência do setor critério que é solicitado pelos investidores em inovação.
Fonte. Broadcast