O novo status sanitário vai impactar na prestação de serviços das inspetorias e escritórios da Secretaria da Agricultura
O produtor Rosalino Mathias Colombo Rizzi, de 80 anos, conhece bem as perdas que a febre aftosa pode trazer. Dono de uma pequena propriedade no distrito de Arroio Grande, em Santa Maria, Rizzi participa da atividade rural desde os 7 anos de idade.
“Quando eu era pequeno, auxiliando o pai, víamos os animais sofrendo com a febre aftosa, as perdas no campo. Hoje, fico muito contente em poder ver o rebanho sadio e livre dessa doença. Sem dúvida, uma conquista importante para o criador gaúcho e a carne gaúcha que irá ganhar o mundo.”, afirma o produtor.
Seu Rosalino representa os milhares de produtores gaúchos que aguardam com expectativa o anúncio do Rio Grande do Sul como zona livre de aftosa sem vacinação nesta quinta-feira (27). A certificação será dada pela Organização Mundial de Saúde Animal (OIE) em Assembleia Geral transmitida ao vivo de forma virtual.
“Desde 2017, o Estado vem se preparando para a retirada da vacinação, com workshops e seminários de sensibilização, construção de uma matriz de vulnerabilidade que é pioneira no país em avaliação de risco, um sistema de defesa sanitária informatizado, fortalecimento da vigilância em fronteira com o Programa Sentinela e a realização de 17 mil inquéritos epidemiológicos, em 330 propriedades”, enumera Rosane Collares, Diretora do Departamento de Defesa Animal da Secretaria.
“Este reconhecimento mostra que as instituições estão funcionando: o Mapa, a Secretaria da Agricultura, os serviços de segurança, garantindo a vigilância nas fronteiras gaúchas”, ressalta Helena Rugeri, Superintendente do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa) no Rio Grande do Sul. Segundo ela, o serviço de rastreabilidade desenvolvido no estado é referência para o Brasil. “E agora, precisamos garantir a manutenção deste status, com planos de contingência, prontidão nas respostas e uma parceria fundamental com os produtores, para que ao detectar qualquer ocorrência comuniquem rapidamente ao Serviço Veterinário Oficial”, diz ela.
Programa Sentinela, uma segurança nas fronteiras
O programa Sentinela, em execução desde 2020, garante a vigilância das fronteiras com o Uruguai e Argentina em uma área de 72.437 quilômetros quadrados, incluindo 59 municípios, 64.842 propriedades e um rebanho estimado em 4.466.144 bovinos. Para o coordenador do Sentinela, Francisco Lopes, “os programas de fiscalização de fronteira e divisa da SEAPDR foram muito importantes para assegurar a conquista da certificação internacional e terão papel fundamental para a manutenção do novo status sanitário”.
Segundo ele, as atividades dinâmicas desenvolvidas pelos programas Sentinela e Guaritas, mais recentemente, com acompanhamento integral das forças de segurança, alinhando em espaço e tempo as atividades do Estado, com uso de inteligência nas operações, têm obtido resultados surpreendentes, garantindo uma maior segurança à sanidade de rebanho do Rio Grande do Sul. “Entendo que a permanência dessa vigilância especializada com um olhar macro será uma das principais ferramentas para a manutenção do status sanitário”, afirma o coordenador.
O Rio Grande do Sul com o novo status
O novo status sanitário vai impactar na prestação de serviços das inspetorias e escritórios da Secretaria da Agricultura. Gisane Lanes de Almeida, supervisora da Regional de Santa Maria destaca que a grande mudança nas atividades do serviço oficial é a intensificação maior da presença da fiscalização nas propriedades, com o aumento das fiscalizações de trânsito e da sensibilização dos produtores para que notifiquem as suspeitas de enfermidades. Segundo ela, são várias ações que, conjuntamente, irão garantir a manutenção do reconhecimento atual.
“Vigilância ativa junto às propriedades rurais e educação sanitária para conscientizar o produtor e todos os envolvidos na cadeia, entre outras atividades, são ações que serão ainda mais ampliadas em nossa rotina”, explica. O objetivo é estar apto a detectar rapidamente um possível foco da doença, garantindo o seu controle.
Outro destaque, segundo Gisane, é a melhoria da estrutura física, com readequação da divisão das inspetorias e otimização das atividades, além de aquisição de novos veículos. “Um dos motivos fundamentais para podermos ter uma maior atuação a campo foi a contratação dos colaboradores administrativos”, afirma. A Supervisão Regional de Santa Maria conta com um rebanho de 865 mil bovinos e bubalinos e cerca de 45 mil produtores cadastrados em 26 municípios.
Para realizar a transição de status sanitário, os Estados e as regiões atenderam a requisitos básicos, como o aprimoramento dos serviços veterinários oficiais e a implantação de programa estruturado para manter a condição de livre da doença, entre outros, alinhados com as diretrizes do Código Terrestre da OIE.
Fonte: Assessoria