Carlos Cogo afirma que o cenário para o segundo semestre é de cotações mais baixas que as atuais, então não há motivo para segurar muito mais as vendas
O preço do milho registra altas diárias consecutivas desde 11 de fevereiro deste ano, de acordo com o indicador do Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea). Há três dias, o cereal se mantém acima de R$ 84 por saca.
Segundo o analista de mercado Carlos Cogo, da Cogo – Inteligência em Agronegócio, compradores até tentaram pressionar as cotações para baixo, amparados por uma melhora nas perspectivas para a segunda safra. Porém, com o dólar em alta e contratos futuros na Bolsa de Chicago valorizados, não há muito espaço para baixas.
Porém, Cogo alerta que o produtor também não deve esperar por cotações ainda mais altas, já que os contratos futuros do milho na B3 para o segundo semestre estão mais baixos do que os patamares praticados hoje. “A bolsa está refletindo uma queda com foco em segunda safra cheia e exportações patinando desde o fim do ano passado”, diz.
O especialista recomenda ao produtor olhar para as suas contas e avaliar se já cobriu os custos necessários. Ele reforça que boa parte da produção de Mato Grosso, maior produtor do cereal na safrinha, já foi vendida, mas no Paraná, vice-líder, os negócios caminharam pouco em relação ao volume esperado.
“Não tem muito mais espaço para alta também, só se for via câmbio. O mercado está em um limite bem alto, a ponto de incentivar a venda. Para o segundo semestre, duas coisas pesam contra: uma segunda safra que pode ser grande, sim, e uma área um pouco maior nos EUA, com clima que parece até o momento que será normal, gerando uma safra grande”, comenta.
Como uma indústria a céu aberto, Cogo não descarta problemas climáticos nos próximos meses que possam influenciar os preços. Mas depender disso é uma aposta, pois o cenário atual indica preços mais baixos. “Não vejo motivo para esperar”, frisa.
Insumos para a safra 2021/2022 de milho
O analista de mercado afirma que já passou da hora de comprar os insumos para o novo ciclo, pois as altas internacionais e do dólar vêm sendo repassadas aos fertilizantes e agroquímicos. “Cada mês que passar, o produtor vai pagar mais caro. A relação de troca agora ainda é muito favorável. Se ele esperar, só vai perder dinheiro. Além disso, não dá para deixar tudo chegar ao mesmo tempo”, diz.
Segundo ele, muitos agricultores já perceberam isso e as compras estão avançando bem, entre 30% e 35% do que deve ser necessário para cultivar a próxima safra.
Etanol vs. gasolina
O governo federal está em uma cruzada para baixar os preços dos combustíveis no Brasil. O presidente Jair Bolsonaro já anunciou a isenção de impostos federais por dois meses e está cobrando por mudanças na política de preços da Petrobras.
Isso levantou uma questão: será que o etanol vai perder competitividade? O biocombustível está em plena expansão no Centro-Oeste, prometendo consumir uma parte considerável do milho produzido. Porém, um barateamento nos combustíveis fósseis poderia tornar a gasolina mais atrativa.
Cogo não vê grandes problemas, pois, segundo ele, dificilmente o governo vai conseguir promover mudanças na política de preços da Petrobras. “Teria que ter uma intervenção muito forte, porque o câmbio e o petróleo, que regulam os preços da Petrobras, estão em alta. Não tem muita manobra, mesmo retirando o PIS/Cofins”, pontua.
Fonte: Canal Rural