Frigorífico continua na pressão, mas pecuarista resiste porque a conta não fecha e há risco de prejuízo na reposição
Nesta quinta-feira (18/2), grande parte das indústrias frigoríficas ainda preferiu adotar uma posição de cautela nas suas compras de gado, devido sobretudo ao baixo consumo doméstico de carne bovina, informa a IHS Markit, que acompanha diariamente o mercado pecuário nas principais regiões do País.
Mas mesmo que as indústrias resolvessem ir com mais ousadia aos balcões de negócios iriam se deparar com um quadro de oferta de boiadas ainda bastante enxuto e preços da arroba nas nuvens – ao redor de R$ 300 nas praças do interior paulista. Além disso, o pecuarista não está disposto a ceder a pressão baixista dos frigoríficos, e segura o quanto pode os poucos lotes que tem.
Segundo a IHS, há um atraso no processo de engorda dos animais mantidos nas fazendas de pecuária extensiva, em função do alongamento do período de monta e do desenvolvimento tardio do suporte do pasto, devido à demora este ano do período chuvoso no Brasil-Central. Para complicar ainda mais a vida dos frigoríficos, o mercado da pecuária de corte passa por um período de retenção no abate de matrizes, por causa dos altos preços do bezerro e demais categorias da reposição.
Como já mencionado neste texto, há também uma posição de cautela de boa parte dos pecuaristas, que resistem em negociar frente às pressões baixistas sobre os preços exercidas pelos compradores, informa a IHS Markit. Além disso, para os recriadores que necessitam fazer a reposição, há o risco de prejuízos em caso da venda de lotes de boiadas gordas muito abaixo dos preços vigentes atualmente.
No mercado atacadista brasileiro da carne bovina, o movimento segue nada expressivo em relação à procura e reposição entre atacado e varejo, relata a IHS. “Mesmo depois das recentes baixas acumuladas nos preços dos principais cortes bovinos, o escoamento se mantém inconsistente”, observa a consultoria.
Giro pelas praças
Na maior parte das praças pecuárias do Sudeste, a oferta de boi gordo se manteve restrita. Desta maneira, as escalas de abate das indústrias frigoríficas de São Paulo e Minas se mostraram relativamente mais encurtadas, informa a IHS.
Na região Sul, a pressão baixista da arroba ganhou relativa força. “Unidades de abate continuam a operar com capacidade ociosa elevada, com casos de paralisação dos abates diários, que devem ser retomados apenas em março”, observa a IHS. No Rio Grande do Sul, o preço do boi gordo cedeu nesta quinta-feira. Também há uma forte pressão de baixa nas praças do Paraná, decorrente da dificuldade no escoamento da carne.
Nas praças pecuárias das regiões Norte e Centro-Oeste do Brasil, o mercado registrou poucas movimentações, relata a IHS. Entre os fatores que contribuem para esse panorama, deve-se levar em consideração o consumo de carne vermelha mais fraco nos mercados locais, resultando em uma demanda menor dos frigoríficos, relata a IHS.
No Mato Grosso, os preços da arroba do boi gordo se mostram ligeiramente mais fracos e há uma queda de braço entre compradores e vendedores em Goiás e Mato Grosso do Sul.
No caso de algumas praças da região Norte, as chuvas dificultam o transporte dos animais, reduzindo “artificialmente” a oferta, o que colabora para estagnação dos preços locais.
Os poucos reportes de negócios ocorreram em Rondônia, onde compradores só conseguiram efetivar novos acordos oferecendo preços maiores, informa a IHS Markit.
No Nordeste, o preço da boiada gorda reagiu na Bahia, nesta quinta-feira, em função da necessidade de avançar nas escalas.
Diferencial de base MT-SP mais estreito
Desde julho de 2020, o diferencial de base MT-SP demonstrou uma tendência de estreitamento entre os Estados. Em janeiro deste ano, este indicador ficou em -5,79%, o menor patamar dos últimos 12 meses, informa a Instituto Mato-Grossense de Economia Agropecuária (Imea).
Esse cenário, diz o Imea, está atrelado à valorização mais acentuada da arroba mato-grossense sobre o preço da arroba paulista, devido à oferta reduzida de animais no Estado do Centro-Oeste.
Em janeiro último, a média do boi gordo a prazo em Mato Grosso foi de R$ 272,21/@, livre de Funrural, com valorização de 9,05% no comparativo mensal. Enquanto isso, em São Paulo, o boi gordo a prazo ficou cotado na média dos R$ 289,46/@ (também livre de impostos), mas com variação mensal menor, de 8,59%, compara o Imea.
Dessa maneira, o diferencial entre as praças apresentou recuo de 3,88 pontos percentuais ante a janeiro de 2020.
Para o próximo mês, prevê o Imea, é esperado que as cotações do boi gordo no Mato Grosso se mantenham em alta, uma vez que, além de escassez de boi ofertado, a maior retenção de fêmeas pode contribuir para este cenário.
Relação de troca no MT
Mesmo com o avanço nas cotações do boi gordo e do bezerro de ano, a maior valorização semanal da arroba do boi gordo as regiões do Mato Grosso fez com que a relação de troca boi/bezerro apresentasse alta. Assim, o indicador fechou a 1,85 cab./cab.na última semana, um incremento de 0,60% em relação à semana anterior.
Menos boi e mais vacas
Segundo os dados do Instituto de Defesa Agropecuária do Mato Grosso (Indea), em janeiro deste ano, o Mato Grosso abateu 367,21 mil cabeças de bovinos, das quais 225,05 mil foram de machos, o que representou uma queda de 15,57% no comparativo com o mês anterior.
Por sua vez, o volume de fêmeas foi de 142,15 mil cabeças, acréscimo de 8,12% no mesmo comparativo.
Segundo o Imea, um dos principais motivos que influenciaram este cenário de abate maior de fêmeas foi a oferta mais escassa dos machos. “Para atender à demanda interna e aproveitar a alta na arroba, alguns pecuaristas decidiram continuar descartando as suas vacas nesse período”, justifica o Imea.
No comparativo com dezembro de 20, todas as regiões do Mato Grosso – com exceção da região nordeste (+0,61%) – apresentaram queda no número de bovinos abatidos, com destaque para as regiões sudeste (-20,66%), oeste (- 12,40%) e centro-sul (-7,25%) do Estado.
Diante disso, para o curto prazo, é esperada uma maior contenção de fêmeas nas fazendas do Mato Grosso, o que pode restringir ainda mais a oferta dos animais ao abate, observa o Imea.
Cotações desta quinta-feira (18/2), segundo dados da IHS Markit:
SP-Noroeste:
boi a R$ 300/@ (prazo)
vaca a R$ 281/@ (prazo)
MS-Dourados:
boi a R$ 284/@ (à vista)
vaca a R$ 271/@ (à vista)
MS-C. Grande:
boi a R$ 288/@ (prazo)
vaca a R$ 272/@ (prazo)
MS-Três Lagoas:
boi a R$ 286/@ (prazo)
vaca a R$ 271/@ (prazo)
MT-Cáceres:
boi a R$ 288/@ (prazo)
vaca a R$ 278/@ (prazo)
MT-Tangará:
boi a R$ 288/@ (prazo)
vaca a R$ 277/@ (prazo)
MT-B. Garças:
boi a R$ 286/@ (prazo)
vaca a R$ 276/@ (prazo)
MT-Cuiabá:
boi a R$ 287/@ (à vista)
vaca a R$ 273/@ (à vista)
MT-Colíder:
boi a R$ 285/@ (à vista)
vaca a R$ 272/@ (à vista)
GO-Goiânia:
boi a R$ 288/@ (prazo)
vaca R$ 276/@ (prazo)
GO-Sul:
boi a R$ 288/@ (prazo)
vaca a R$ 278/@ (prazo)
PR-Maringá:
boi a R$ 290/@ (à vista)
vaca a R$ 271/@ (à vista)
MG-Triângulo:
boi a R$ 297/@ (prazo)
vaca a R$ 281/@ (prazo)
MG-B.H.:
boi a R$ 296/@ (prazo)
vaca a R$ 278/@ (prazo)
BA-F. Santana:
boi a R$ 279/@ (à vista)
vaca a R$ 269/@ (à vista)
RS-Porto Alegre:
boi a R$ 282/@ (à vista)
vaca a R$ 270/@ (à vista)
RS-Fronteira:
boi a R$ 282/@ (à vista)
vaca a R$ 270/@ (à vista)
PA-Marabá:
boi a R$ 278/@ (prazo)
vaca a R$ 271/@ (prazo)
PA-Redenção:
boi a R$ 275@ (prazo)
vaca a R$ 270/@ (prazo)
PA-Paragominas:
boi a R$ 274/@ (prazo)
vaca a R$ 272/@ (prazo)
TO-Araguaína:
boi a R$ 278/@ (prazo)
vaca a R$ 271/@ (prazo)
TO-Gurupi:
boi a R$ 279/@ (à vista)
vaca a R$ 268/@ (à vista)
RO-Cacoal:
boi a R$ 272/@ (à vista)
vaca a R$ 260/@ (à vista)
RJ-Campos:
boi a R$ 283/@ (prazo)
vaca a R$ 268/@ (prazo)
MA-Açailândia:
boi a R$ 271/@ (à vista)
vaca a R$ 256/@ (à vista)
Fonte: Portal DBO