Indústria e produtor travam disputas pelo preço da arroba em um mercado pouco ofertado
A dinâmica dos negócios no mercado do boi gordo segue prejudicada pela restrição de oferta de animais prontos para abate e a posição de extrema cautela por parte das indústrias compradoras, informam nesta quinta-feira (11/9) os analistas que acompanham diariamente o setor pecuário. O pé no freio dos frigoríficos, diferentemente dos dias anteriores, surtiu algum efeito nos preços da arroba, que recuaram em algumas regiões importantes do País, embora em baixa intensidade.
Foi o caso da praça do interior paulista, onde o valor do boi gordo registrou ligeira baixa de R$ 1/@ nesta quinta-feira, para R$ 300/@, a prazo, segundo dados apurados pela IHS Markit. No interior do Estado há relatos de unidades de abate que foram paralisadas temporariamente (férias coletivas) e só devem retornar ao final de fevereiro. Outras indústrias de São Paulo conseguiram complementar as suas escalas de abate com lotes de outros Estados e saíram das compras locais de gado, acrescenta a consultoria. “Os frigoríficos temem uma queda nos preços da carne bovina, o que impactará ainda mais as suas margens, que continuam apertadas e, em alguns casos, negativas”, relata a IHS.
Ao final deste texto, veja os preços de machos e fêmeas desta quinta-feira (11/2) nas principais praças pecuárias do País.
Segundo os pesquisadores do Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea), na quarta-feira (10/2), o Indicador CEPEA/B3 (mercado paulista, à vista) atingiu R$ 299,95, aumento de 12,3% na parcial deste ano (período entre 30 de dezembro de 2020 e 10 de fevereiro de 2021).
Já para a carne negociada no mercado atacadista da Grande São Paulo, a cotação também registra avanço em 2021, mas de forma bem menos intensa, compara a equipe de analistas do Cepea, acrescentando que, nessa mesma quarta-feira, a carcaça casada do boi fechou a R$ 19,69/kg, à vista, com elevação de 8,72% na parcial deste ano.
Posição do vendedor
Os pecuaristas buscam também cadenciar as suas ofertas de boiadas ao mercado, devido aos elevados custos de produção impactados pelos altos preços de gado de reposição, bem como pelos maiores gastos com nutrição animal, observa a IHS Markit.
A ocorrência de chuvas mais regulares nas regiões pecuárias do Brasil-Central desde o começo do ano também colaborou para terminação de alguns lotes e, os primeiros carregamentos, embora pouco volumosos, permitiram escalonar melhor a programação de abate entre algumas praças pecuárias, complementa a consultoria.
Giro por outras praças
Em Minas Gerais, algumas plantas frigoríficas alegaram uma maior entrada de lotes de pastos da região de Montes Claros, o que permitiu uma melhor adequação dos abates diários, informa a IHS.
No Centro-Oeste, os preços da arroba cederam entre algumas praças da região em função da maior cautela de compradores e da paralisação de algumas plantas por dificuldade de originar oferta de gado gordo.
Em Goiás e no Mato Grosso do Sul, a maior aquisição de fêmeas favoreceu um maior avanço nas programações de abate e diminuiu a necessidade de compra.
No Norte e Nordeste do País, a trajetória de alta da arroba do boi gordo foi neutralizada pela menor procura. Porém, as baixas ainda são pontuais e tímidas.
No atacado, vendas da carne seguem tímidas
No atacado, as vendas continuaram a evoluir de forma moderada, com baixa condições de garantir suporte a altas mais significativas nos preços dos principais cortes bovinos, relata a IHS. De certa forma, a oferta de mercadorias nas câmaras frias continua bem equalizada ao consumo do período, acrescenta a consultoria.
As indústrias temem que ajustes mais elevados nos preços possam impactar negativamente a demanda pelo produto, alerta a IHS. “Com a chegada da segunda quinzena de mês, o consumo deverá se manter apenas regular, garantindo um cenário de estabilidade, sobretudo pelos preços economicamente mais atraentes das carnes concorrentes”, destaca a consultoria.
Abates recuam no ano passado
Foram abatidas 7,25 milhões de cabeças bovinos no Brasil no quarto trimestre do ano passado, o que significou um recuo de 5,8% sobre o resultado do trimestre anterior, segundo dados divulgados na quarta-feira (10/2) pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Economia (IBGE).
Na comparação anual, houve queda de 10,3% no número de animais abatidos durante o último trimestre de 2020. Com relação a produção de carcaças, foi computado 1,96 milhão de toneladas produzidas entre outubro e dezembro de 2020, uma baixa de 6,5% quando comparado ao quarto trimestre de 2019 e recuou de 4,6% em relação ao trimestre anterior.
Cotações desta quinta-feira (11/2), segundo dados da IHS Markit:
SP-Noroeste:
boi a R$ 300/@ (prazo)
vaca a R$ 288/@ (prazo)
MS-Dourados:
boi a R$ 286/@ (à vista)
vaca a R$ 271/@ (à vista)
MS-C. Grande:
boi a R$ 288/@ (prazo)
vaca a R$ 272/@ (prazo)
MS-Três Lagoas:
boi a R$ 289/@ (prazo)
vaca a R$ 273/@ (prazo)
MT-Cáceres:
boi a R$ 288/@ (prazo)
vaca a R$ 277/@ (prazo)
MT-Tangará:
boi a R$ 289/@ (prazo)
vaca a R$ 276/@ (prazo)
MT-B. Garças:
boi a R$ 288/@ (prazo)
vaca a R$ 277/@ (prazo)
MT-Cuiabá:
boi a R$ 290/@ (à vista)
vaca a R$ 276/@ (à vista)
MT-Colíder:
boi a R$ 283/@ (à vista)
vaca a R$ 272/@ (à vista)
GO-Goiânia:
boi a R$ 291/@ (prazo)
vaca R$ 278/@ (prazo)
GO-Sul:
boi a R$ 288/@ (prazo)
vaca a R$ 280/@ (prazo)
PR-Maringá:
boi a R$ 290/@ (à vista)
vaca a R$ 276/@ (à vista)
MG-Triângulo:
boi a R$ 297/@ (prazo)
vaca a R$ 279/@ (prazo)
MG-B.H.:
boi a R$ 296/@ (prazo)
vaca a R$ 280/@ (prazo)
BA-F. Santana:
boi a R$ 276/@ (à vista)
vaca a R$ 266/@ (à vista)
RS-Porto Alegre:
boi a R$ 2852/@ (à vista)
vaca a R$ 275/@ (à vista)
RS-Fronteira:
boi a R$ 285/@ (à vista)
vaca a R$ 275/@ (à vista)
PA-Marabá:
boi a R$ 278/@ (prazo)
vaca a R$ 273/@ (prazo)
PA-Redenção:
boi a R$ 276@ (prazo)
vaca a R$ 273/@ (prazo)
PA-Paragominas:
boi a R$ 274/@ (prazo)
vaca a R$ 272/@ (prazo)
TO-Araguaína:
boi a R$ 281/@ (prazo)
vaca a R$ 271/@ (prazo)
TO-Gurupi:
boi a R$ 279/@ (à vista)
vaca a R$ 268/@ (à vista)
RO-Cacoal:
boi a R$ 271/@ (à vista)
vaca a R$ 262/@ (à vista)
RJ-Campos:
boi a R$ 283/@ (prazo)
vaca a R$ 271/@ (prazo)
MA-Açailândia:
boi a R$ 270/@ (à vista)
vaca a R$ 256/@ (à vista)
Fonte: Portal DBO