Media serviria para evitar desabastecimento interno, diz presidente da ACAV
Em meio à disparada dos grãos usados na ração animal, os produtores de aves de Santa Catarina defenderam a criação de uma cota de exportação, proposta que tende a gerar polêmica e desagradar a agricultores e tradings.
A ideia não é limitar pura e simplesmente a exportação, mas definir uma taxação que seria aplicada para volumes acima de um determinado limite.
“Não se trata de intervenção, mas de moderação”, afirmou o presidente da Associação Catarinense de Avicultura (ACAV), José Antonio Ribas, em artigo divulgado nesta quinta-feira. De acordo com o dirigente, a taxação para os volumes adicionais à cota serviria para“evitar desabastecimento interno”.
“O Brasil, como país capitalista e adepto da liberdade econômica, não tolera propostas de confisco de produção ou contingenciamento de exportação, porém algumas situações precisam ser revistas”, escreveu Ribas.
Na avaliação dele, “não é racional exportar toda a produção e deixar o mercado interno fragilizado, ameaçado de ver o gigantesco parque agroindustrial da carne paralisado por falta de grão”.
Em entrevista recente ao Valor, o presidente da Associação Brasileira de Proteína Animal (ABPA), Ricardo Santin, afirmou que já há sinais de redução na criação de aves nas granjas. O objetivo é reduzir a demanda das aves por milho.
No artigo divulgado nesta quinta-feira, Ribas avalia que a forte alta dos preços dos grãos um reflexo também da valorização do dólar e a consequente “exportação excessiva” tornou a questão do abastecimento interno de grãos “perturbadora”.
Nos últimos doze meses, o preço do milho subiu mais de 90%, conforme levantamento do Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea), vinculado à Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz (Esalq/USP). As cotações de soja e milho estão em patamar recorde, espremendo a margem de lucro dos criadores de aves e suínos. Grandes empresas, como Seara (JBS) e BRF, também são afetadas pelo aumento de custos.
Fonte: Valor Econômico