Fabricantes do insumo vêm apostando no mercado de capitais e no potencial das agfintechs
Mesmo quem não costumava financiar a safra, como as empresas de fertilizantes, vem apostando no mercado de capitais e no potencial das agfintechs. David Telio, diretor executivo da consultoria CCAB Projetos, que atua na estruturação de CRAs, afirma que o interesse é grande entre os produtores rurais pelo crédito para a compra de adubos pelo potencial do insumo em ampliar a produtividade das lavouras.
Por meio da CCAB, Telio atende com essas captações à Eurochem Fertilizantes Tocantins antiga Fertilizantes Tocantins (FTO) e também à Campo Rico, misturadora sediada em São Paulo. A norueguesa Yara, maior empresa de fertilizantes do mundo, líder no Brasil, é outro importante player que se vale da mesma estratégia.
Há quatro anos, quando o movimento ainda era incipiente entre elas, Telio também participou de uma operação pioneira da australiana Nufarm no mercado financeiro, que direcionou parte do valor de um CRA à compra de adubos. Depois disso, Basf e Syngenta fizeram operações similares e a Nufarm repetiu a dose por mais quatro vezes. A australiana captou R$ 1,5 bilhão de 2016 a 2019, dos quais R$ 700 milhões foram direcionados à compra, sobretudo, de adubos e sementes.
Segundo Telio, o grande potencial das agfintechs está em descomplicar a relação entre o mercado financeiro e o produtor rural, uma vez que o agronegócio já deixou de ser um “bicho de sete cabeças” para o investidor da Faria Lima. Ele argumenta que produtores pequenos e médios centram o foco no custo do crédito, no prazo de pagamento e nas garantias necessárias, ao passo que os financiadores aceitam contrair parte do risco das captações para venderem mais insumos a juros atrativos. “O importante, no fim das contas, é gerenciar o risco e ter alertas, porque, na hora da dificuldade, quem chega primeiro na fonte bebe água limpa”, diz.
Fonte: Valor Econômico