Depois das sucessivas altas em 2019 e 2020 e da imensa volatilidade dos últimos meses, o dólar parecia que tinha encontrado um equilíbrio aos redor de R$ 5,40, porém esse equilíbrio foi quebrado pela forte alta dos últimos pregões, quando o dólar rompeu o “teto” de R$ 5,50 e opera na manha de 20/08 no patamar de R$ 5,65 com alta de 1,5% apenas no pregão de hoje. O motivo para a alta repentina foi a derrubada no senado do veto presidencial ao reajuste do salários dos funcionários públicos, evidenciando o total descaso do congresso para com o controle das contas públicas. Acompanhe no gráfico abaixo a evolução do dólar nos últimos 2 anos.
A alta do dólar mudou a precificação de todas as commodities produzidas pelo Brasil e para medir seu impacto basta exemplificar que estamos atualmente nos maiores patamares de preço do boi gordo em R$/@, porém em US$/@ ainda estamos 13% abaixo da média dos últimos 10 anos, deixando nosso produto mais barato no mundo, mesmo estando na máxima em reais.
A questão é que a alta do dólar não impacta apenas o boi gordo, mas também todos os itens do seu custo de produção, principalmente na alimentação, já que os preços de milho, soja e caroço de algodão também sobem na mesa proporção da alta da moeda. No médio e longo prazo não há duvida que a alta do dólar nos beneficia no mercado internacional e colabora para o aumento do preço da @ em reais, porém no curtíssimo prazo ela pode até ser prejudicial, já que ela joga ainda mais lenha na fogueira da retenção de milho pelos produtores, além de “incentivar” ainda mais a já corriqueira quebra de contratos de fornecimento fechados a preços menores.
É consenso entre os economistas que o dólar está bem acima do seu preço de equilíbrio, o que evidencia o grande ceticismo da comunidade financeira internacional com a sustentabilidade das contas do governo no longo prazo, ou seja, depois de tantos desapontamentos o investidor estrangeiro não está mais nos dando o benefício da dúvida. Resta torcer para que a atual equipe econômica consiga contornar essa situação.
Fonte: Radar Investimentos