“A tentativa de redução dos preços da arroba tem sido ineficaz, pois as exportações de carne bovina seguem fortes, estimulando a busca pela matéria-prima”, relatam os analistas
Embora os frigoríficos brasileiros continuem se esforçando para reverter a tendência de alta, os preços do boi gordo seguem firmes na maioria das praças pecuárias, mantendo o viés de alta, relatam as consultorias que acompanham diariamente o setor pecuário.
Nesta segunda-feira (5/8), segundo apurou a Scot Consultoria, nas praças paulistas, as cotações dos animais terminados se mantiveram firmes, com o boi gordo “comum” valendo R$ 227/@, enquanto a vaca e a novilha gordas são negociadas por R$ 202/@ e R$ 217/@, respectivamente (preços brutos e a prazo). O “boi-China” (base SP) está cotado em R$ 230/@, com ágio de R$ 3/@ sobre o animal “comum”.
Ao longo da última semana, os preços do boi gordo permaneceram aquecidos nas principais regiões brasileiras.
Destaque para o Mato Grosso do Sul, que registrou aumento de 2,1% na comparação semanal, encerrando o período com média de R$ 228,36/@, de acordo com dados da Agrifatto.
O indicador próprio da consultoria (baseado em 17 praças brasileiras) apresentou um acréscimo de 1,2% na comparação com a semana anterior, apresentando um valor médio de R$ 230,42/@. Por sua vez, o indicador Cepea (praça paulista) registrou um aumento semanal de 0,55%, fechando o período em R$ 232,51/@.
“A tentativa de redução dos preços da arroba tem sido ineficaz, pois as exportações de carne bovina seguem fortes, estimulando a busca pela matéria-prima (boiadas gordas)”, relatam os analistas de mercado.
Na avaliação da consultoria, essa recuperação do boi gordo também está atrelada à redução na oferta de animais terminados, principalmente à diminuição na disponibilidade de vacas de descarte, que foram protagonistas nos abates durante o primeiro semestre deste ano.
“Mesmo aumentando o preço pago pelo boi gordo, as programações de abate das indústrias brasileiras não evoluem”, afirma a Agrifatto, acrescentando que as escalas seguem estabilizadas há quatro semanas – em 9 dias úteis, na média nacional. Ou seja, ainda há um certo conforto nas escalas das indústrias, mas é nítida as dificuldades seguem tendo para alongar suas programações.
Positivo também na B3
No mercado futuro, os contratos do boi gordo seguiram o mesmo caminho do mercado físico e apresentaram variações positivas para todos os vencimentos na última semana.
O papel com vencimento em outubro /24 (com maior liquidez, pico da entressafra) registrou alta 1,21% e encerrou a semana em R$ 242,40/@.
Maior competividade
A Agrifatto destaca o ganho de competitividade que o boi gordo brasileiro tem adquirido devido à desvalorização cambial registrada nas últimas semanas. O dólar fechou a última quinta-feira (01/08/24) a R$ 5,75, o maior nível de fechamento desde o dia 09/03/21, recorda a consultoria.
Quando a moeda norte-americana se valoriza frente ao real, os exportadores brasileiros tendem a receber mais reais por cada dólar obtido nos embarques, melhorando suas margens.
Além disso, o preço da commodity brasileira fica mais competitiva no mercado internacional, pois as indústrias podem promover mais descontos aos compradores. Segundo dados da Agrifatto, o boi gordo, em dólares, está valendo em torno de US$ 40/@, um dos menores níveis desde maio/20 e também o menor preço entre os grandes exportadores de proteína bovina do mundo.
Diante de tal cenário, diz a Agrifatto, é de esperar que haja espaço para que o preço do boi gordo consiga se valorizar ainda mais no Brasil, já que ele está muito barato no mercado internacional.
“Considerando que o Brasil detêm hoje o boi gordo mais barato do mundo e que há uma diferença de quase US$ 6/@ para o segundo boi mais barato (Paraguai), projetar uma alta de US$ 3/@ (ou seja, um boi gordo de US$ 43,80/@), com um câmbio de R$ 5,70, resultaria num valor de arroba em São Paulo de R$ 249,66/@”, simula a Agrifatto.
Tal preço almejado significaria uma valorização de 7% frente os valores atuais do boi gordo (base SP), mas que está projetada pelo mercado futuro (B3) somente para janeiro/25.
“Não é possível cravar que isso irá ocorrer, no entanto, há espaço claro para que a indústria faça alguns reajustes no preço da arroba”, analisa a Agrifatto.
Preços dos animais terminados apurados pela Agrifatto na última quinta-feira (1/8):
São Paulo — O “boi comum” vale R$230,00 a arroba. O “boi China”, R$235,00. Média de R$232,50. Vaca a R$210,00. Novilha a R$218,00. Escalas de abates de onze dias;
Minas Gerais — O “boi comum” vale R$215,00 a arroba. O “boi China”, R$225,00. Média de R$220,00. Vaca a R$205,00. Novilha a R$2108,00. Escalas de abate de nove dias;
Mato Grosso do Sul — O “boi comum” vale R$225,00 a arroba. O “boi China”, R$235,00. Média de R$230,00. Vaca a R$208,00. Novilha a R$215,00. Escalas de sete de oito dias;
Mato Grosso — O “boi comum” vale R$210,00 a arroba. O “boi China”, R$210,00. Média de R$210,00. Vaca a R$190,00. Novilha a R$200,00. Escalas de abate de nove dias;
Tocantins — O “boi comum” vale R$205,00 a arroba. O “boi China”, R$215,00. Média de R$210,00. Vaca a R$190,00. Novilha a R$195,00. Escalas de abate de dez dias;
Pará — O “boi comum” vale R$205,00 a arroba. O “boi China”, R$215,00. Média de R$210,00. Vaca a R$190,00. Novilha a R$195,00. Escalas de abate de nove dias;
Goiás — O “boi comum” vale R$215,00 a arroba. O “boi China/Europa”, R$225,00. Média de R$220,00. Vaca a R$205,00. Novilha a R$210,00. Escalas de abate de sete dias;
Rondônia — O boi vale R$185,00 a arroba. Vaca a R$170,00. Novilha a R$175,00. Escalas de abate de treze dias;
Maranhão — O boi vale R$200,00 por arroba. Vaca a R$180,00. Novilha a R$185,00. Escalas de abate de dez dias;
Paraná — O boi vale R$230,00 por arroba. Vaca a R$208,00. Novilha a R$215,00. Escalas de abate de sete dias.
Fonte: Portal DBO