Após período de baixa, arroba do boi sobe quase 20% em menos de um mês

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Em um ano marcado pela derrocada nos preços do boi gordo, em que a arroba caiu abaixo de R$ 200, a percepção atual de fontes do setor e de analistas desse mercado é de que o pior ficou para trás. Desde a segunda quinzena de setembro, o preço do gado pronto para abate engatou uma recuperação e acumula alta em torno de 20%.

Pela frente, analistas ouvidos pela Globo Rural enxergam sinais de equilíbrio: não veem possibilidade de retorno no curto prazo às máximas de R$ 290 a R$ 300 por arroba alcançadas no início de 2023, mas também descartam novas mínimas.

João Figueiredo, analista da Datagro Pecuária, disse que o aumento médio de 20% nas últimas três semanas surpreendeu, principalmente porque no início de setembro o boi gordo chegou ao piso de R$ 196 por arroba. As quedas de preço vieram na esteira dos efeitos do ciclo pecuário de ampla oferta de animais, enquanto o recente avanço está relacionado à demanda.

Somente em setembro o indicador do Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea) acumulou alta de 18,19%, fechando o mês a R$ 236,15 a arroba (em 29/9). Outubro começou mantendo a tendência, com valorização de 1,54% na primeira semana a arroba fechou a R$ 239,80 na última sexta-feira.

“O volume das exportações começou a reagir de setembro pra cá, [mas] acho que o mercado interno é mais protagonista deste momento”, afirmou o analista.

Mesmo que em menor medida, a queda da arroba vista no decorrer deste ano chegou às gôndolas do varejo, tornando a carne bovina mais atrativa ao consumidor final. Além disso, o preço do frango aumentou, ajudando também a trazer competitividade para a carne bovina algo que havia se perdido nos tempos em que a arroba registrava picos muito maiores.

Exportação

Do ponto de vista da exportação, Figueiredo ressaltou que o escoamento da carne para o mercado externo está reagindo, apesar do volume de embarques acumulado no ano ainda estar cerca de 5% abaixo de 2022. “Mas o preço de venda não está se recuperando. Há relatos de frigoríficos dizendo que o mercado interno está até mais atrativo do que a exportação em alguns casos”, afirmou.

A queda no preço da tonelada exportada está intimamente ligada à situação econômica da China, principal cliente do Brasil na carne bovina e cujos importadores pressionaram os valores dos contratos durante o ano, em meio à desaceleração no poder de compra do consumidor chinês.

Thiago Carvalho, pesquisador do Cepea, acredita que o ritmo dos preços da arroba daqui para frente vai depender do quanto ainda há de gado para entrar no mercado. Segundo ele, muitos pecuaristas postergaram os planos de confinamento. “Há uma indefinição, que vai depender do volume de animais colocados no cocho e se vai ter um volume mais firme nesses últimos meses do ano”, disse Carvalho.

O analista da Datagro acredita que os preços do boi gordo podem avançar até a faixa de R$ 250 por arroba, que não é um ganho expressivo comparado à casa dos R$ 300, mas que pode fazer com que o pecuarista caminhe rumo a um 2024 mais lucrativo. Isso porque o custo com animais de reposição foi influenciado pelo período de queda da arroba e também caiu ao longo deste ano, com uma recuperação apenas no intervalo mais recente.

Reposição

Em Mato Grosso, o volume de fêmeas abatidas entre janeiro e agosto deste ano foi 35,6% maior que o do mesmo período no ano passado, de acordo com o Instituto Mato-grossense de Economia Agropecuária (Imea). E o bezerro chegou a setembro de 2023 com preço 35,48% menor que no mesmo período em 2022.

O mês passado, porém, marcou o início de um movimento de alta nas cotações. O indicador do Cepea com base em Mato Grosso do Sul encerrou setembro com alta acumulada de 3,34%, com o bezerro a R$ 2.006,78 a cabeça (em 29/9). “Quando o preço do boi melhora, tem uma valorização dos animais jovens”, ressaltou Carvalho.

“O bezerro, mesmo com essas valorizações, ainda está em patamar baixo”, disse Rodrigo Silva, coordenador de inteligência de mercado do Imea. No entanto, ele ressaltou que o mercado é volátil, e “olhando a sazonalidade, os indicadores de agora nos dão confiança de acreditar que a mínima deste ciclo passou”.

Frigoríficos

Para a indústria, a notícia de uma recuperação nos preços da arroba não é das melhores, porque significa custo mais alto com a matéria-prima, o boi.

“Afeta as margens do frigorífico, sem dúvida nenhuma, já que o custo vinha menor”, afirmou ao Valor Paulo Mustefaga, presidente da Associação Brasileira de Frigoríficos (Abrafrigo). “Mas faz parte, a pecuária é cíclica”, disse.

O executivo também aposta em um ponto de equilíbrio para a arroba do boi a partir de agora, “que não é nem nos R$ 300 nem nos R$ 200 e pouco”, até que venha o próximo ciclo pecuário. Para ele, a reação nas exportações de carne bovina desde setembro também contribui para sustentar a arroba firme.

Fonte: Globo Rural

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