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Identificando os lotes aptos para engorda e terminação a pasto
Definindo a estratégia nutricional mais adequada.
A pecuária de corte no Brasil passa por grandes mudanças nas últimas décadas. Os custos de produção subiram consideravelmente e o pecuarista frequentemente paga ágil pelos animais de reposição, sempre que necessita comprá-los no mercado.
Várias fazendas, ao longo dos anos apresentam em algum dado momento, prejuízo na operação pecuária. Fato que precisamos analisar e buscar estratégias para reverter os quadros de prejuízos quando eles tendem a acontecer.
Nossa atividade pecuária ocorre na grande maioria, por intermédio do uso das pastagens, juntamente com o auxílio da suplementação via cocho de alimentação dos animais.
Definir qual a melhor forragem, como apartar os lotes para tratamento e qual estratégia nutricional utilizar é a chave para o sucesso da recria e engorda a pasto e consequentemente, lucro na atividade.
Esses são alguns dos pontos abordados nesse artigo e espero poder contribuir com ideias que possam ser aplicadas na tomada de decisão no momento de iniciar o tratamento dos bovinos a pasto.
Como definir qual o animal e peso ideal para terminação a pasto?
Em um sistema de engorda acelerada a pasto (EAP) o manejo adequado da forragem e a definição da estratégia nutricional, são responsáveis pelo sucesso do tratamento, porém você precisa identificar dentro do seu rebanho qual os animais que possuem condição de alcançar o peso alvo de abate até o final do período chuvoso.
Mas afinal, por que eu preciso identificar quais dos meus animais tem condições de chegar ao peso de abate até final do período chuvoso?
Pelo simples fato de que, ao identificar esses animais, você terá as informações necessárias para programar o fluxo de caixa da fazenda e planejar seu estoque forrageiro (seja ele pasto ou produção de silagem) e suas compras de insumos para a nutrição dos bovinos.
A esse processo de identificação dos animais aptos para o tratamento de engorda a pasto damos o nome de apartação, e não há momento melhor do que o mês de novembro, que além de ser um mês estratégico pois é a virada da produção de forragem da seca para as águas, novembro também é o mês de vacinação e obrigatoriamente os animais da fazenda são levados até o curral de manejo.
Se você não possui um modelo definido de apartação dos seus bovinos em pastejo, sugiro que você escolha um e comece ainda esse ano, os benefícios são variados.
Alguns exemplos de apartação de bovinos:
• Frame (altura/tamanho do animal)
• Peso vivo médio – PV (kg)
• Idade (era do animal)
• Raça (nelore, cruzado, etc)
Particularmente acredito que a apartação inicial deverá ser feira de acordo com a raça do animal (nelore e/ou cruzado) e logo após, no segundo nível, ocorrer por PV individual.
Após a pesagem dos lotes, o passo seguinte é identificá-los e enumerar com a marcação de “carimbo” os animais do lote. Sugerimos a marcação dos lotes de acordo com o esquema abaixo:
Esquema 1: Modelo de apartação de peso por peso com intervalos de 30 kg e identificação dos lotes por carimbo enumerado.
Esse modelo de apartação consiste em selecionar de acordo com o PV individual, animais que possuam pesos diferentes em no máximo 30 kg, e identificá-los por marcação de carimbo (marcação de um número com ferro quente na paleta) que irá variar de carimbo 1 ≤ 150 kg até carimbo 11 ≥ 450 kg.
Feito isso podemos passar para o próximo passo que é a escolha da forragem para o tratamento de terminação acelerada a pasto para abate.
Qual a espécie forrageira adequada para a engorda de bovinos nas águas?
Para que os resultados esperados com a implantação de um plano de engorda a pasto sejam alcançados, é necessário que haja adequada disponibilidade de massa forrageira, e que o manejo dessa forragem esteja alinhado de modo que não falte capim no decorrer do processo.
O sincronismo promovido pela prática da suplementação proteica energética, juntamente com a ingestão de forragem eficiente e a adequada pressão/lotação de pastejo (UA/ha), promoverá a maximização do uso da fração fibrosa do alimento e consequentemente, potencializará o desempenho animal.
Nesse artigo não abordarei o aspecto de adubação de pastagem, uma vez que esse tema mereça uma menção à parte, irei, porém, relatar o uso de algumas espécies forrageiras que podem expressar grande potencial de GPM aos bovinos a pasto.
Panicum maximum cv. Mombaça
O capim-Mombaça é uma cultivar Panicum que foi desenvolvida e lançada pela Embrapa em 1993 em parceria com outras instituições. Com certeza o nosso preferido para a terminação de bovinos a pasto, uma vez que essa forragem, semelhante a outros capins tropicais, apresenta de 70 a 80% de sua produção durante o período das águas.
Recomenda-se que tenha seu uso concentrado durante o período das águas para permitir o melhor aproveitamento da forragem de alta qualidade produzida.
Por apresentar porte alto e com grande acúmulo de colmo, deve ser manejado, quando possível, na forma de pastejo rotacionado, objetivando sempre manter os perfilhos da planta baixos, de modo que eles se restabeleçam rapidamente em forma de folhas, assim que os animais alternarem o pastejo em outros piquetes.
Panicum Maximum cv. MG12 Paredão
Essa espécie forrageira MG12 Paredão tem como principal característica a alta produção de forragem, com folhas bem compridas e largas, quando comparada à Mombaça, uma das mais usadas pelos pecuaristas. Apresenta rebrota vigorosa, rápida e uniforme, além de boa tolerância à seca, quando comparada a outras cultivares de Panicum existentes no mercado.
Outra característica importante é a alta palatabilidade, resultando em excelente produção de carne e de leite. Durante os anos de testes sob pastejo e de corte, não foi verificado sintomas de ataques nas plantas, e muito menos a presença de ninfas e adultos de cigarrinhas.
A explicação técnica para este fato é a ocorrência de antibiose e a maciça presença de joçal na base das plantas, o que, acredita-se, confere a esta cultivar uma boa tolerância ao ataque desse inseto. A presença do joçal também contribui para o manejo da forrageira, evitando o superpastejo pelos animais.
Brachiaria ruziziensis
Brachiaria ruziziensis Germain é originária da África, esta espécie está relacionada com a Brachiaria decumbens, da qual difere por ser de porte maior. A B. ruziziensis possui melhor relação folha:colmo do que as demais espécies do gênero Brachiaria.
No entanto, em relação às outras espécies de Brachiaria, a B. ruziziensis é menos produtiva na época de seca e/ou de temperaturas baixas, é mais sensível às cigarrinhas das pastagens e mais exigente à fertilidade do solo.
Todavia, essa espécie de Brachiaria tem melhor aceitação pelos bovinos, certamente em decorrência de seu maior valor nutritivo e melhor relação folha:colmo.
Abaixo apresentamos um quadro sobre estudo realizado de potencial de produção em kg MS por período de semeadura da braquiária e do mombaça.
Identificando os lotes aptos para engorda e terminação a pasto
Para a definição da estratégia nutricional a ser utilizada na propriedade para engorda acelerada a pasto (EAP) precisamos primeiramente entender quais animais (lotes), após a apartação, terão condição de serem abatidos dentro do período das águas, ou seja, entre as estações de primavera e verão (novembro a maio).
O que quero dizer é que precisamos definir estrategicamente quais lotes após a apartação por peso, atingirão as metas de pesos de abates previamente estabelecidos, para isso, devemos ter em mente qual o nosso objetivo em @, que cada bovino deve atingir no último dia do tratamento.
Para facilitar nosso entendimento, simularei uma apartação de gado em uma fazenda de recria e engorda com estoque bovino de duas mil cabeças, a partir daí, iremos estabelecer os lotes aptos a serem abatidos com no mínimo 20@ a pasto até o final do mês de maio.
Esquema 2. Exemplo de apartação de bovinos nelore por peso e identificação por carimbos:
Vejamos o exemplo dessa fazenda, ela possui animais em todos os lotes de apartação, do mais leve com 152,0 kg PV médio até o mais pesado de 455,00 kg de PV médio. Todavia apenas alguns desses lotes atingirão a meta de 20@ até final de maio.
Mas, como identificá-los?
E após identificá-los, qual estratégia nutricional devo utilizar?
Pois bem, já temos nossa meta de abate estabelecida, 20@ em maio, sendo assim, 20@ com rendimento de carcaça (RC) de 55%, equivale a um bovino de 545,0 kg PV, então, esse será nosso PV meta dos lotes aptos a terminação a pasto no último dia de tratamento.
Entre os meses de novembro a maio nós temos 180 dias de tratamento, nosso objetivo é estabelecer um protocolo nutricional que seja eficiente na engorda a pasto e econômico, de modo que proporcione o menor custo de @ produzida possível, para no fim alcançamos nossa meta de abater todos os lotes em tratamento, com no mínimo 20@.
Durante um tratamento de engorda acelerada a pasto EAP no período das águas, bovinos nelores e cruzamento industrial podem atingir ganhos de peso médio diário (GMD) entre 0,700 a 1,300 kg/cab/dia. Esses ganhos expressivos irão depender da disponibilidade de forragem e do suplemento mineral proteico e/ou energético escolhido para o tratamento.
Como nós temos 180 dias de tratamento dos bovinos a pasto (novembro a maio), estimamos que o máximo que conseguiríamos atingir será 180 kg de ganho de peso total por animal, ou seja, GMP de 1,000 kg/cab/dia a pasto (na melhor hipótese).
Sabemos que para atingir esse ganho extraordinário, diversos fatores positivos terão que culminar para isso, todavia utilizaremos essa métrica para estabelecer quais dos lotes de apartação serão aptos a participarem do tratamento de EAP.
Vejamos, o lote carimbo 8 possui 440 bovinos nelore com 365,0 kg PV médio, ao somarmos o possível ganho de peso total de 180,0 kg, esse lote chegaria no último dia de tratamento com 545,0 kg PV médio, ou seja, dentro da meta estabelecida de PV.
Porém, ao simularmos o mesmo fato com o lote carimbo 7 que possui 250 bovinos nelore com 340,0 kg PV médio, descobriremos que esse lote não conseguirá atingir o PV médio meta de 545,0 kg, isso porque ao somarmos ao PV médio do lote, os 180,0 kg de ganho de peso total, o máximo que esse lote atingirá é 520,0 kg, o que não é suficiente para atingir nossa meta de PV final.
Assim, podemos concluir que os lotes com carimbo de 1 a 7 não têm peso mínimo suficiente para receberem o tratamento de engorda acelerada a pasto (EAP), pois, mesmo que esses lotes apresentem ganho de peso extraordinários, não atingiriam a meta de peso final pré estabelecida de 545,0 kg PV.
Nossa atenção ficará restrita aos lotes carimbo 8 a 11, com PV médio entre 365,0 a 455,0 kg PV, lotes aptos a atingirem a meta de PV final mínima de 545,0 kg durante o período das águas de novembro a maio.
Esquema 3. Lotes selecionados como aptos para o tratamento de EAP.
Definindo a estratégia nutricional mais adequada.
Existem inúmeras estratégias nutricionais que podemos aderir para a nutrição de bovinos a pasto, abordarei aqui duas delas, mais para frente escreverei outro artigo falando apenas sobre as estratégias nutricionais disponíveis.
Como nosso foco aqui é a engorda acelerada a pasto (EAP), utilizaremos as seguintes estratégias nutricionais:
• SMP: suplementação mineral proteica com consumo de 100 a 120 gr/100 kg PV (proteinado baixo consumo);
• SMPE: suplementação mineral proteica com consumo de 300 a 500 gr/100 kg PV (energético).
SMP – Suplementação mineral proteico
Esse tipo de suplemento possui em sua composição macro e microminerais essenciais para suprir a deficiência nas pastagens e melhorar o desempenho dos bovinos.
Além das fontes de minerais, um SMP deve apresentar teores de sódio, farelos vegetais e ureia adequados para regular o seu consumo no cocho de suplementação.
Os SMP são suplementos minerais proteicos, e devem auto regular o consumo pelos bovinos, não havendo a necessidade de abastecer os cochos diariamente. No entanto, a cada três dias é fundamental que os cochos disponham de suplementos e sejam monitorados.
A proteina bruta nesse tipo de suplemento é variável de acordo com a época do ano, tipo e qualidade de forragem e nível de precipitação, sendo que a variação se dá entre 20 a 50% de proteina bruta e NDT variável de 35 a 45%.
Além de tudo, os SMPs o consumo deve ocorrer com relação ao PV variando entre 100 a 120 gr/100 kg PV, ou seja, um garrote de 300 kg PV deverá consumir e se auto regular 300 a 360 gramas por dia, sendo que não pode haver falta de suplemento no cocho e a reposição deve ocorrer em no máximo três dias.
Essa suplementação é indicada para cria, recria e engorda dependendo do nível de intensificação do uso das forragens e de acordo com o objetivo que se espera da estratégia nutricional.
A disponibilidade de acesso ao cocho de suplementação é fator determinante para o sucesso da estratégia nutricional, sendo que para a suplementação com SMP devemos disponibilizar no mínimo 12 cm linear/cab, o que corresponde a 6,0 metros para cada 100 animais em pastejo (consumindo pelos dois lados do cocho).
SMPE – Suplementação mineral proteico e energético
A suplementação mineral proteica e energética (SMPE) assemelha-se a suplementação proteica (SMP) em vários aspectos, porém necessariamente a SMPE deverá possuir maior proporção de ingredientes energéticos como:
- milho moído,
- sorgo moído,
- farelo de arroz,
- farelo de amendoim,
- polpa cítrica,
- trigo,
- entre outros.
A proteína bruta nesse tipo de suplemento varia entre 15 a 30% e o NDT entre 65 a 72%, o que definirá a concentração proteica e energética nesse suplemento é o objetivo da estratégia nutricional e o tipo e qualidade da forragem em questão.
O consumo esperado para esse tipo de suplemento é de 300 a 600 gr/100 kg PV, sendo que o seu fornecimento deve ser diário e sempre respeitando o mesmo horário de fornecimento.
Como exemplo podemos citar a suplementação de um boi magro com 450 kg, fornecendo 400 gr/100 kg PV, o que representaria 1,800 kg por dia do SMPE.
Para esse tipo de suplementação com SMPE devemos disponibilizar no mínimo 25 cm linear/cab, o que corresponde a 12,5 metros para cada 100 animais em pastejo (consumindo pelos dois lados do cocho).
Quais os custos para produzir uma @ a pasto em regime de engorda?
Após entendermos os aspectos relacionados a EAP, e os fatores que determinam o sucesso da operação como: a apartação dos lotes, escolha da forragem e a definição do tipo de suplementação, nos resta agora abordar os custos pertinentes à EAP.
Para isso, devemos nos balizar com relação ao valor de custeio de cada bovino a pasto, que segundo o Benchmarking Inttegra 2018/2019 – Recria Engorda é de R$ 30,91 por cabeça/mês, desconsiderando os valores gastos com insumos para nutrição animal.
Voltemos novamente para os lotes exemplos definidos como aptos para serem terminados a pasto durante o período das águas:
Iremos elaborar duas estratégias nutricionais, uma para o lote carimbo 8, com 365,0 kg PV médio e outra para o lote carimbo 11, com 455,0 kg PV médio.
As estratégias nutricionais adotadas serão as seguintes:
• RECRIA E ENGORDA: para os lotes carimbo 8 e 9 iremos fornecer SMP até o lote atingir PV médio de 420-450 kg, logo na sequencia fornecer SMPE aos bovinos consumindo forragem com boa disponibilidade de massa.
• ENGORDA: já para os lotes carimbo 10 e 11 forneceremos SMPE de imediato e até o fim do tratamento.
Com essas duas estratégias nutricionais iremos atingir a meta de abate dos lotes com 20@ (com RC de 55%) ao final do tratamento.
Sendo assim, temos os seguintes custos envolvidos no tratamento:
- Custo de aquisição do animal (garrote, boi magro) = R$ 185/@;
- Custeio cabeça/mês recria e engorda = R$ 30,91/cab/mês (sem nutrição animal)
- Custo/kg SPM = R$ 1,60/kg
- Custo/kg SPME = R$ 1,50/kg
Além dos custos citados acima, iremos considerar valor de venda da @ de 170/@, valor esse que calculado sobre o peso final da meta pré-estabelecida de 20@
Para ilustrar as duas estratégias nutricionais definidas acima, iremos expor por planilha os custos, desempenhos e tempo de permanência do lote mais leve carimbo 8 (365 kg) e do lote mais pesado carimbo 11 (carimbo 11), juntamente com resultado financeiro obtido de cada estratégia.
Custos de produção da recria e engorda a pasto de um bovino com PV inicial 365,0 kg.
Para a analise dos custos consideramos o PV médio entre novembro e fevereiro de 396,5 kg (365 kg + 428 kg / 2) e entre os meses de fevereiro e maio 486,5 kg (428,0 + 545,0 kg / 2), totalizando 192 dias de tratamento de recria e engorda a pasto.
Com os pesos médios definidos é possível estimar o consumo do SPM em 0,390 kg/cab/dia e do SMPE em 1,950 kg/cab/dia, ou seja 100 gr/100 kg PV e 400 gr/100 kg PV, respectivamente.
O lote carimbo 8 será abatido até final de maio, no termino do período chuvoso com 20@.
Custos de produção da recria e engorda a pasto de um bovino com PV inicial 455,0 kg
Após analisarmos a estratégia nutricional do lote mais leve do nosso exemplo, iremos definir a estratégia do lote carimbo 11, com peso médio de 498,0 kg PV entre novembro e maio (450 + 546 /2), esse foi o lote mais pesado identificado no nosso modelo, e o tempo de tratamento terá duração 80 dias de engorda a pasto.
Com o peso médio definido é possível estimar o consumo do SMPE em 2,000 kg/cab/dia, ou seja, 400 gr/100 kg PV.
Como esse lote tem peso inicial de 450 kg, faz-se necessário iniciar o fornecimento do SMPE de imediato, não justificanto o uso do SMP de baixo consumo.
Conclusão
A engorda acelera a pasto (EAP) apresenta-se como forma economicamente viável para terminação de bovinos a pasto, todavia, faz-se necessário definir previamente quais animais, estratégia nutricional e forragem serão utilizados dentro do sistema.
Acreditamos que o esforço deve ocorrer para terminar os animais dentro do período chuvoso, ou seja entre as estações de primavera e verão (novembro a maio), visto que durante esse meses as forragens apresentam sua maior produção de MS e consequentemente melhor qualidade de folhas.
Sendo assim, a EAP sempre apresentará melhor desempenho e consequentemente menor custo da @ produzida durante os meses de novembro a maio, sendo que o tempo de permanecia dos lotes dentro do sistema poderá variar entre de 80 a 192 dias, e o custo de @ produzida estimado entre R$ 66,46 a R$ 82,43/@.