Após dois meses de fortes quedas nos embarques causado pelo caso atípico de EEB, as exportações voltaram a dar sinais de recuperação em maio e nos dados parciais de junho.
Em maio, o volume exportado registrou aumento de 43% com relação ao mês anterior e foi o maior desde novembro/22. Dados parciais de junho até a segunda semana mostram novo aumento no comparativo anual de 44% nos embarques diários de carne bovina in natura. Este cenário tem corroborado para encurtar as escalas de abate da indústria e elevando o interesse por novas compras.
O mercado chinês se mantém como principal mercado importador e mesmo com a retomada dos embarques, o volume comprado no acumulado desse ano ainda é 14% menor que o mesmo período do ano anterior. Vale lembrar que 47% das exportações é apenas para atender a demanda chinesa. Com isso, as exportações totais brasileiras no acumulado até maio apresentaram queda de 9,5% em volume e 25% em faturamento no comparativo anual. Tendência de demanda sustentada no curto prazo, com os importadores chineses se organizando para o feriado da Golden Week em outubro.
Com relação aos preços do boi gordo, o cenário de desvalorização persistente mesmo com o retorno das exportações para China se deve ao movimento generalizado de abate de fêmeas, maior estoque de machos e demanda doméstica ainda considerada fraca para o período. Dados do Imea mostram que em maio, pelo quarto mês seguido, a participação média das fêmeas nos abates superou a dos machos e chegou a 52,6%. A média dos últimos dois anos foi de 39,1% e 37,3%, respectivamente.
Para os próximos meses, a tendência sazonal de menor oferta de fêmeas para abate somado a queda na atratividade para o primeiro giro do confinamento (por conta dos preços futuros ainda considerados baixos), podem desacelerar a oferta e favorecer os preços do boi gordo. Porém, o consumo doméstico deve se manter como principal desafio do setor. Entendemos que a tendência de perda de poder de compra deve se manter nesse ano, mesmo com maior oferta e preços menores de carne bovina, o que não deve permitir recuperação do consumo per capita. Em termos de fundamento pode ser um fator de pressão negativa nas cotações do boi gordo.
Pontos de Atenção:
Avanço da gripe aviária de alta patogenicidade no Brasil ainda segue restrito a aves selvagens, mas já atinge 39 casos em cinco estados (ES, RJ, BA, SP e RS). Medidas de prevenção tem sido intensificadas, mas o poder disruptivo desse evento é alto por ser a proteína animal mais consumida do país e, o Brasil ser o maior exportador do mundo.
Forte retomada das importações da China corroboram para cenário de escalas de abate mais curtas. E tendência de desaceleração na oferta de fêmeas no 2° semestre somado a desestímulos para entrada de gado no confinamento podem elevar as cotações do boi gordo no mercado local.
Fonte: Rabobank