Apesar da queda dos preços das commodities, empresa enxerga um mercado promissor em função da resiliência do setor. Meta é chegar a R$ 3 bilhões sob gestão no fim do ano
A XP Asset atingiu a marca de R$ 2 bilhões sob gestão em ativos agrícolas, sendo que R$ 1,8 bilhão desse montante são responsabilidade de dois Fundos de Investimento nas Cadeias Produtivas Agroindustriais (Fiagro) e o restante por meio de um fundo de crédito não exclusivo do setor de agronegócios.
Apesar da queda dos preços das commodities agrícolas, a gestora enxerga um mercado promissor em função da resiliência do setor e, por isso, tem como meta chegar a R$ 3 bilhões sob gestão no fim do ano.
Até abril deste ano, o país tinha 56 Fiagros registrados, com R$ 12,6 bilhões sob gestão, e a XP é a maior desse mercado, com uma fatia de cerca de 14% do total.
André Masetti, gestor de fundos estruturados da XP Asset, afirma, em entrevista à Globo Rural, que o fato de a gestora ter originação própria de recursos reduz os custos e agiliza o desembolso em operações como os Certificados de Recebíveis do Agronegócio (CRA).
“O Fiagro hoje é a porta de entrada de muitos produtores e empresas da cadeia para o mercado de capitais. Além de aumentar a oferta de financiamento, ajuda na governança de quem emite”, diz.
As emissões, porém, ainda estão distantes dos pequenos produtores. As operações costumam ficar entre R$ 30 milhões e R$ 50 milhões, com algumas poucas operações acima disso, nunca abaixo.
“O custo para emitir um CRA é grande e precisa ser diluído para o emissor ao longo do tempo, então, não se sustenta com operações menores”, completa Gustavo Almeida, gerente comercial da XP Asset.
Diversificação
Para mitigar os riscos, a XP diversifica não só a região de operação, mas também o segmento do agronegócio em que atua, reforçam os executivos.
“O preço da soja está em baixa, o que nos leva a procurar produtores, cooperativas e agroindústrias de outras culturas, sem obviamente esquecer do carro-chefe do agronegócio brasileiro”, afirma Almeida.
A gestora tende a evitar também regiões de alto risco, como o Rio Grande do Sul, que sofreu com seca em três safras seguidas. “Isso não significa que não estudamos pedidos de CRA da região, apenas que olhamos com visão de prazo mais longo para verificar a viabilidade da operação”, pondera.
Critérios
A análise de crédito da XP também é bastante criteriosa, segundo eles, para evitar calotes ou atrasos em pagamentos de juros e amortizações, como aconteceu com ativos de outros Fiagros do mercado.
“Não tivemos qualquer atraso em pagamento. Sabemos que os produtores estão com as margens mais apertadas, mas estão saudáveis. Além disso, o setor é tão resiliente que cresce há anos, apesar de juros, incertezas mundiais e questões políticas e econômicas”, afirma Masetti.
A XP tem hoje um Fiagro listado na B3, com o nome de XPCA11, com cerca de R$ 400 milhões em ativos sob gestão, e o XPAG11, negociado em balcão, com R$ 1,4 bilhão.
“Um fundo listado na bolsa tem alta liquidez, mas qualquer ruído no mercado macro ou especulativo mexe na cota. No fundo ‘cetipado’, a cota só pode ser negociada respeitando o valor patrimonial, mas o ponto negativo é a liquidez bem menor”, diz André Masetti.
Do ponto de vista do investidor, ambos defendem ser uma alternativa de diversificação e possibilidade de aplicar no agronegócio, que movimenta 27% do Produto Interno Bruto (PIB) do país e que estava distante das pessoas físicas.
A possibilidade de investimento em uma cota do Fiagro em bolsa começa em R$ 10 e tem isenção de imposto de renda.
Fonte: Globo Rural