Pesquisador do Cepea analisa números atuais dos fertilizantes e compara com o ano passado. Para ele, próxima safra terá cenário diferente
Os preços dos fertilizantes dispararam a partir de fevereiro de 2022 com o início da guerra entre Rússia e Ucrânia, atingindo patamares históricos. Contudo, nos últimos meses, estão recuando de forma significativa no mercado internacional.
Mesmo assim, apesar dessa queda, a relação de troca no caso da soja ainda supera a média histórica dos últimos cinco anos, conforme o pesquisador do Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea), Mauro Osaki.
“Temos uma queda de mais ou menos 40% no cloreto de potássio no primeiro quadrimestre deste ano em relação ao mesmo período de 2022 e de 34% no MAP”, informa. “Já os fungicidas e inseticidas, pelo contrário, estão mais caros em uma média de 2% a 6%”.
Por conta desses números, mesmo que o adubo seja o principal componente nos custos do produtor de soja, Osaki não acredita que a instalação da lavoura vá onerar menos o agricultor.
Entenda, no gráfico abaixo, os valores da relação de troca entre sacas de soja e cloreto de potássio utilizando Sorriso, em Mato Grosso, como base:
É possível perceber que no primeiro quadrimestre de 2022, o produtor precisava de 35,87 sacas de soja para obter uma tonelada de cloreto de potássio. Já no mesmo período deste ano, eram necessárias 26,91 sacas para a mesma quantidade de fertilizante.
Relação de troca x custo total
Quando se faz a comparação da evolução da relação de troca do custo total em Sorriso (MT), os números mudam.
“No quadrimestre do ano passado eu precisava de 37,4 sacas de soja para conseguir pagar o custo efetivo, que seria o desembolso do produtor. Porém, nesse quadrimestre, nós já estamos próximos do 40 sacas, sendo 39,7. Nossa média histórica é de 38,8. Então, já ultrapassa a média histórica das últimas cinco safras”.
Situação melhora na próxima safra?
Na temporada 2023/24, a relação de troca começa a seguir o caminho da normalidade, de acordo com o pesquisador. Segundo levantamento do Cepea, quase 70% do fertilizante a ser utilizado já foi negociado. Assim, quem atrasou a compra pensando na valorização da soja, pode ter feito um mau negócio.
“O produtor vai ter que começar a fazer preço médio, não tem muita escapatória. Essa é sempre a recomendação. Se está dentro da média histórica o valor de relação de troca, vai travando aos poucos”, ilustra.
Fonte: Canal Rural