Olhar o passado, para conhecer o futuro, nunca foi tão essencial: a bezerra de hoje é a matriz de amanhã

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FICHA DE CONSUMO DE SUPLEMENTO MINERAL GRÁTIS

Nem só da fase de alta vive a pecuária de corte.

Entre 2019 e 2021, a cotação da arroba do boi gordo teve trajetória ascendente, praticamente, ininterrupta salvo à sazonalidade da safra de capim e eventos externos (leia-se “vaca louca”).

O mercado pecuário é plurianual e olhar para a atividade pensando no curto/médio prazo, por vezes, pode derreter as ações e decisões do produtor.

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Em 2022, o ciclo pecuário virou. A retenção de fêmeas, de 2019 a 2021, provocou o aumento da oferta de bezerros e o descarte de fêmeas cresceu, pressionando a cotação da arroba (figura 1).

Figura 1.
Preço real da arroba do boi gordo (deflacionado pelo IGP-DI), no eixo da esquerda, e participação (%) do abate de fêmeas no abate de bovinos, no eixo da direita.

*participação de fêmeas até o terceiro trimestre
Fonte: IBGE e Scot Consultoria

A virada era esperada. Mas mesmo esperada, ainda espanta muito produtor.

Antes de mais nada, o que é o ciclo pecuário e como é a sua dinâmica?

O ciclo é composto por fases de baixa e alta, ligadas, diretamente, ao estímulo ou desestímulo de determinados componentes da pecuária de corte.

Com menor oferta de bezerros, o preço da reposição tende a subir, ocorrendo retenção de fêmeas para a produção e diminuindo a oferta de gado para abate, esperando, também, aumento do preço da arroba do boi gordo.

Ao longo dos anos, a retenção de fêmeas resulta em aumento na oferta de bezerros, diminuindo os preços e desestimulando a atividade de cria, aumentando o abate de fêmeas e, por consequência, diminuindo os preços da arroba do boi gordo.

Claro que, ao longo do ano, dentro de cada fase do ciclo, diversos fatores podem direcionar e influenciar o mercado para cima ou para baixo.

Fase de baixa é sinônimo de resultados negativos?! Não é bem assim…

Estamos na fase de baixa do ciclo pecuário de preço e, a depender da atividade (cria, recria/engorda e ciclo completo), diferentes ações podem ser tomadas nessa fase.

Falando em termos de gestão da propriedade pecuária, um dos fatores importantes é o desembolso, medido em reais por cabeça, traduzindo, o quanto se gasta por animal.

Reduzir o desembolso é uma tarefa pouco maleável. Se cogitarmos economizar em sanidade e há um surto de doença ou algum problema sanitário na região, o prejuízo posterior será grande.

Reduzir a nutrição ou diminuir os insumos na reforma de pastagem também não é aconselhável, mas conseguimos aproveitar a fase de preços baixos do ciclo para mitigarmos o desembolso. Como?

O desembolso, resumidamente, pode ser definido como o custo da unidade produzida, conforme comentamos. Assim, quanto menor o custo da unidade produzida, maior é a expectativa de lucro.

O grande desafio, então, está em reduzir o desembolso. Sendo assim, o que age e atua diretamente sobre ele? A diluição de custos fixos com o aumento de produtividade em mesma área.

Concomitantemente à queda de preços da arroba do boi gordo, desestimulando o produtor, o preço da reposição também cai, abaixando o custo para recriadores e melhorando a produtividade em função da aquisição de mais arrobas com o mesmo desembolso.

Veja, na figura 1, que a relação de troca com o bezerro de ano (@ boi versus bezerro) encontra-se no melhor patamar desde dezembro de 2019. A relação de troca vigente está interessante para o recriador/invernista.

Figura 1.
Relação de troca: arrobas de boi gordo necessárias para a compra de um bezerro de ano.

Fonte: Scot Consultoria

Consideramos (simulação) um sistema de alta tecnologia, de acordo com os parâmetros descritos na tabela 1, com suplementação mineral de baixo consumo na seca e de alto consumo nas águas, rendimento de carcaça de 55%, aplicação de todas as vacinações obrigatórias e endectocidas, além da mão de obra (de acordo com parâmetros médios de quantidade de cabeças por funcionário).

Tabela 1.
Parâmetros utilizados no sistema de recria/engorda.

Fonte: Scot Consultoria

Para a obtenção dos resultados da simulação sob o efeito da aquisição da reposição em preços menores, consideramos três situações: compra da reposição no preço médio anual e cinco por cento acima/abaixo. Para o preço de venda, consideramos o preço médio do ano (2022 ou 2023).

Veja a estimativa de resultados na tabela 2.

Tabela 2.
Estimativa de resultado em um sistema de produção de recria/engorda de alta tecnologia (3 UA/hectare), em pasto, com três situações de compra para a reposição.
*considerando o preço médio da arroba do boi gordo até fevereiro.
Fonte: Scot Consultoria

Veja que a receita por hectare, no sistema, é a mesma. Mas o custo de produção, em função da queda da cotação da reposição, permitiu melhores resultados.

Mas e o criador?

Precisamos lembrar que a novilha de hoje, será a matriz de amanhã. E, assim como há pouco mais de dois anos os preços das categorias mais jovens subiram (2020/21), esperamos que o movimento se repita nos próximos anos.

Pensando nisso, é importante o criador perceber que o momento, mesmo desafiador para a venda do seu bezerro, pode ser favorável em uma visão de longo prazo.

Em fevereiro/23, em São Paulo, a venda de um bezerro de ano compra 1,05 novilha. Ao longo de 2022, não foram raros os momentos em que a relação estava acima desse patamar.

Figura 2.
Relação de troca: novilha versus bezerro de ano.

Fonte: Scot Consultoria

Ao considerarmos a relação de troca entre boi gordo ou vaca gorda, para a compra de uma novilha, o quadro também está favorável no momento atual.

Figura 3.
Relação de troca: arrobas de boi gordo (barras em azul) e de vaca gorda (pontos em laranja), necessárias para a compra de uma novilha.

Fonte: Scot Consultoria

Em resumo… o mercado pecuário é dinâmico e marcado por fases de alta e de baixa. Para cada uma delas, as palavras de ordem são: gestão e estratégia.

Fonte: Scot Consultoria

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