A segunda-feira (1) é, mais uma vez, de baixa generalizada para as commodities agrícolas, lideradas pelo complexo soja. Os futuros do grão intensificavam suas perdas no início da tarde de hoje, com baixas de mais de 4% entre os contratos mais negociados, depois das altas intensas e frequentes da semana passada. Perto de 12h10 (horário de Brasília), as cotações recuavam entre 51,75 e 62,25 pontos, levando o novembro a US$ 14,06 e o janeiro/23 a US$ 14,14 por bushel.
Como explica o consultor de mercado Vlamir Brandalizze, da Brandalizze Consulting, há uma intensa liquidação de posições por parte dos fundos investidores, em busca de lucros. E parte dessa liquidação encontra espaço para acontecer diante das atuais condições de clima no Meio-Oeste americano, bem como pelas notícias dos navios deixando portos da Ucrânia, na região do Mar Negro, carregados com grãos depois do acordo firmado entre os dois países em guerra com a ONU (Organização das Nações Unidas).
Assim, não cediam apenas os futuros do grão, como também do farelo e do óleo de soja na CBOT. O farelo tinha US$ 398,80 por tonelada curta no contrato mais negociado, perdendo 4,7%, enquanto o óleo cedia 3,2% para 63,59 cents de dólar por libra-peso.
Pesa ainda sobre os mercados o agravamento das tensões geopolíticas com a possível ida de Nancy Pelosi, presidente da Câmara dos Deputados dos EUA, a Taiwan nesta semana. O presidente chinês Xi Jinping já deixou claro, em suas últimas declarações, que a visita de Pelosi à Taiwan “é um caminho sem volta” e o mercado também se questiona se isso poderia impactar e prejudicar a demanda chinesa por produtos norte-americanos, entre eles soja e milho.
Sobre o clima no Meio-Oeste americano, as atenções se dão agora também sobre as divergências que começam a aparecer entre os modelos climáticos, como explica o analista de mercado Eduardo Vanin, da Agrinvest Commodities.
“Do lado clima, as chuvas nos EUA vieram acompanhadas de temperaturas mais amenas conforme previsto. Chuvas concentradas no Sul de Illinois, Leste de Missouri e no estado de Kentucky, onde causou inundações. Para os próximos dias, os mapas do NOAA mostram forte onda de calor na parte norte dos EUA e Oeste do cinturão, regiões que também receberão menos chuvas o modelo para 8-14 melhorou um pouco. Já o modelo EC continua mostrando mais chuvas em relação o GFS (modelo do NOAA)”, explica o analista de mercado Eduardo Vanin, da Agrinvest Commodities.
Assim, o mercado mais uma vez espera pelos novos dados do boletim semanal de acompanhamento de safras que o USDA (Departamento de Agricultura dos Estados Unidos) traz nesta segunda-feira, após o fechamento da sessão em Chicago, às 17h (Brasília).
“As previsões indicam que o Crop Progress venha estável a menos 1% nas condições boas/excelentes. Poderemos ter de novo surpresas, assim como na semana passada, pois o clima foi seco e o Corn Belt não tiveram quase chuvas, os maiores volumes ficaram mais ao Sul do corredor”, alerta o diretor geral do Grupo Labhoro, Ginaldo Sousa.
Fonte: Notícias Agrícolas