Investidor mira prevenção em frigoríficos

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Um grupo de investidores que gerenciam mais de US$ 52 trilhões em ativos quer que as empresas de carnes no mundo ao menos mantenham as políticas de prevenção de contágio de doenças entre os trabalhadores das indústrias adotadas por causa da pandemia da covid-19. A coalizão FAIRR Initiative afirma temer que a flexibilização dos cuidados no chão de fábrica abra a porta para novas zoonoses e pandemias. 

“Consideramos que a covid-19 é só uma das muitas doenças que podem surgir. Neste momento, vemos casos de gripe aviária no Reino Unido, na Alemanha e nos EUA, e há evidências de que a gripe aviária pode ser transmitida a humanos, potencialmente mais mortal”, disse Maria Lettini, diretora-executiva da FAIRR, ao Valor. Os investidores querem garantias das empresas sobre suas políticas de biossegurança nas fazendas, de proteção dos trabalhadores e de resistência a micróbios.

Em 2021, a FAIRR avaliou que 63% dos maiores produtores mundiais de carnes, leite e pescados não estavam tomando as medidas adequadas para prevenir pandemias. O grupo traduziu em números o risco de cada uma à exposição ao desmatamento, que pode aumentar o contato de humanos com animais, à situação do ambiente de produção intensiva, e às condições de trabalho, com foco no risco de contágios. 

No último quesito, a coalizão de investidores defende que as empresas incentivem os empregados que estão com sintomas de doenças a se afastar do trabalho, sem que isso se traduza em perda de renda. Para a FAIRR, as companhias devem garantir o pagamento aos trabalhadores em licença médica e não podem ter políticas contraditórias, como bonificação por presença no trabalho. Lettini, que já trabalhou em bancos como J.P. Morgan e Deutsche Bank, também defende a manutenção de canais onde os trabalhadores possam apresentar queixas. 

No início da pandemia, os contágios foram particularmente críticos em frigoríficos de vários países – a ponto de, no Brasil, o governo federal ter baixado uma portaria em 2020 para estabelecer medidas de prevenção com foco no segmento. As obrigações atenuaram as infecções, mas algumas empresas seguem tendo perdas por causa de paralisações decorrentes de contágios e porque a China suspendeu a importação de algumas unidades brasileiras após detectar “traços” de Sars-Cov-2 em cargas de carne. 

Apesar disso, a pesquisa mostra que as condições de trabalho das empresas brasileiras de carnes ficaram acima da média de seus concorrentes globais, superando com folga principalmente as da Ásia. Segundo Lettini, as brasileiras também replicaram as regras adotadas no país em operações em outros países. 

Ao Valor, a JBS no Brasil disse que, “enquanto persistir a pandemia, mantém o seu compromisso de continuar cumprindo todas as recomendações internacionais”, como as da Organização Mundial da Saúde (OMS) e de governos. A JBS USA disse que “não esperou por regulações” para implementar medidas de segurança e que afastou pessoas “vulneráveis” das plantas, mantendo todos os pagamentos e benefícios. A empresa não detalhou, contudo, se pretende manter as políticas adotadas caso a pandemia acabe. 

A Marfrig Global Foods e a Minerva disseram que pretendem manter algumas mudanças na organização do trabalho adotadas com a pandemia, mas que não mantiveram o mesmo tempo de licença médica remunerada. Na Marfrig, desde o fim da emergência, decretado pelo governo em abril, o trabalho voltou a ser 100% presencial, mas algumas licenças ainda permanecem, como para pessoas com gravidez de alto risco. A empresa criou uma diretoria de Saúde Ocupacional, novos cargos médicos e de enfermagem e uma estrutura de apoio médico. 

Na cadeia bovina brasileira, as empresas entendem que possuem um diferencial em relação a outros países. “A forma de criação de gado na América do Sul, predominantemente a pasto, reduz consideravelmente os riscos de a atividade agropecuária gerar novas pandemias”, disse a Minerva.

Fonte: Valor Econômico

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