Partindo de um índice 100 na média de 2019, observa-se que o custo de produção do frango (levantamento mensal da Embrapa Suínos e Aves) chegou a março de 2022 acumulando quase o dobro de variação. Ou, mais exatamente, incremento de 95,59%
O interessante é que as primeiras altas no custo foram atribuídas à elevação do dólar. Mas, como demonstra o gráfico abaixo, as altas mais significativas do dólar foram registradas na primeira metade de 2020, entrando a seguir em relativa estabilidade e apresentando baixa contínua em 2022. Em março, registrou variação de não mais que 25% em relação a 2019, ou seja, cerca de um quarto a menos que a variação no custo.
Em outras palavras, não foi o dólar que determinou a elevação do custo mas, sim, a dolarização das matérias-primas básicas do frango segundo os preços do mercado internacional. Como, aliás, também ocorre por aqui com os combustíveis.
Nesse cenário, o frango – que não tem como internacionalizar seus preços, pois depende essencialmente do mercado interno, visto que somente 30% de sua produção tem como destino o mercado externo – tentou acompanhar a evolução do custo.
Para tanto, ignorou a inflação (que chegou a março acumulando variação de, praticamente, 18% sobre a média de 2019), mas, na média dos 27 meses visualizados (janeiro de 2020 a março de 2022), em apenas quatro ocasiões registrou evolução de preço superior ao custo: entre julho e outubro de 2021, o que não significa que tenha recuperado as perdas acumuladas desde o início de 2020. Graças à forte valorização experimentada em março, fechou o primeiro trimestre de 2022 com uma valorização de 83% sobre a média de 2019, portanto, ainda 12 pontos abaixo do custo.
Fonte: AviSite