Incertezas deverão mudar o foco dos investimentos das empresas do agro

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Os executivos do agronegócio já esperavam que 2022 seria de incertezas sobre novos investimentos, mas não se poderia imaginar um quadro como o deste primeiro trimestre. De um lado, no cenário internacional, a guerra na Ucrânia deixou o cenário macroeconômico mais nebuloso, aumentando a pressão inflacionária. De outro, no mercado interno, a quebra na safra de soja cria oportunidades de lucro para alguns agricultores, mas aperta ainda mais os custos de pecuaristas e frigoríficos.

Para Luis Otávio da Fonseca, sócio-líder de agronegócios da Deloitte no Brasil, o contexto atual intensificou um movimento que as empresas do setor observavam desde o fim do ano passado. Ele avalia que o agro está caminhando para uma outra fase do ciclo de investimentos. Se os últimos anos permitiram grandes aportes, aquisições e desenvolvimento de tecnologias, agora, a roda começa a girar para um momento de consolidação de tudo que as empresas contrataram.

“A inflação alta leva ao aumento da taxa de juros. A preocupação é sobre como isso vai limitar o acesso ao crédito e inibir novos investimentos. Talvez aquele tempo de bonança para investir esteja chegando ao fim em virtude do nível atual da Selic [que subiu para 11,75% ao ano na semana passada]”, reforça Fonseca.

Na pesquisa “Agenda 2022” realizada pela Deloitte no fim do ano passado, cerca de 90% dos 47 executivos do agronegócio e do setor de alimentos entrevistados sinalizaram que vão investir em qualificação tecnológica. Isso significa um aumento da demanda por mão de obra especializada, pesquisa e desenvolvimento de novos produtos e parceria com startups.

“É uma confirmação da vontade das empresas de continuar apostando na transformação digital. Isso se via nos investimentos, e agora o foco muda para a mão de obra. A empresa comprou a tecnologia, mas agora precisa do operador”, pontua Fonseca.

Esses empresários representam companhias como tradings agrícolas, produtores de grãos e fertilizantes, frigoríficos e cooperativas que, somadas, faturam cerca de R$ 200 bilhões por ano. Eles também apontam grande preocupação com a segurança digital, em especial a proteção de dados e das aplicações internas.

Outro efeito dessa mudança no ciclo de investimentos, continua Fonseca, é que as empresas que adiaram projetos em tecnologia e inovação podem ficar para trás com a nova fase que se desenha para este ano. “A dúvida agora é o que acontecerá com quem não aproveitou a onda positiva”, diz.

As preocupações com a inflação e as eleições de outubro já haviam sido capturadas no fim de 2021. Na visão desses executivos, para melhorar o ambiente de negócios, o governo deveria atuar para levar o índice de preços para menos de 5% ao ano e também evitar uma forte desvalorização do real.

A maioria dos entrevistados (48% no agronegócio e 42% no setor de alimentos) concorda parcialmente com a reforma tributária, desde que ela não leve adiante a proposta de tributação de dividendos nem represente aumento de carga fiscal. Porém, uma parte relevante (38% no agronegócio e 42% na indústria de alimentos) deles afirma desconhecer as propostas que estão em discussão no Congresso, indicando que falta clareza nos debates sobre o tema.

Fonte:  Valor Econômico

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