A suspensão das contratações de linhas equalizadas entre os dias 7 e 24 de fevereiro, por falta de recursos no orçamento para pagar a subvenção, freou o ritmo de desembolsos de crédito rural no país.
No mês passado, foram contratados R$ 9 bilhões no sistema financeiro, abaixo dos valores habituais. Em janeiro, por exemplo, foram R$ 13,5 bilhões.
A poupança rural controlada passou longe do desempenho que vinha registrando e fechou o mês com R$ 564 milhões liberados. Em janeiro, o montante atingiu R$ 3,8 bilhões, o que mostra a importância dessa que é a principal fonte de crédito rural subvencionado. Em fevereiro, os desembolsos totais foram alimentados sobretudo pelo dinheiro das Letras de Crédito do Agronegócio (LCA), da poupança rural livre e dos recursos obrigatórios e livres.
Mesmo assim, os valores contratados desde o início do atual Plano Safra são recorde. De julho a fevereiro, foram R$ 188,4 bilhões, um crescimento de quase 30% em relação aos R$ 145,2 bilhões dos oito primeiros meses da temporada 2020/21. Cerca de 70% dos recursos têm juros controlados, com ou sem equalização.
O ritmo de expansão no acumulado da safra é o mesmo observado nas operações de custeio, que passaram de R$ 78,1 bilhões, nos oito primeiros meses desta safra 2020/21, para R$ 100,7 bilhões agora. Nos investimentos, o avanço foi de 21%, para R$ 55,3 bilhões. Os desembolsos também cresceram nas linhas de comercialização (63%) e industrialização (29%). O volume de recursos acessados chegou a R$ 21,6 bilhões e R$ 10,6 bilhões, respectivamente.
O Banco do Brasil permanece na liderança desse mercado, com quase R$ 84 bilhões emprestados via linhas de crédito rural de julho do ano passado até agora. A Caixa Econômica Federal já ocupa o segundo lugar, com R$ 12 bilhões. Na safra passada, a essa altura, a instituição havia liberado pouco mais de R$ 5,3 bilhões.
As cooperativas de crédito também continuam ampliando sua participação no mercado de financiamentos rurais. Em oito meses, essas instituições emprestaram R$ 36,2 bilhões, alta de 26% em relação ao mesmo período da temporada 2020/21. O montante é similar ao dos bancos privados, liderados por Bradesco, Itaú e Santander, que aumentaram a concessão de crédito rural em ritmo menor. Os desembolsos passaram de R$ 39,5 bilhões para R$ 40,6 bilhões, um incremento de apenas 2%.
A preocupação do setor agropecuário e das instituições financeiras é com a demora para a reabertura das linhas equalizadas do Plano Safra. No fim de fevereiro, um remanejamento de verbas garantiu a normalização dos contratos de custeio do Pronaf, a única modalidade em operação com subvenção e que atende aos agricultores familiares. Demais programas, como Pronamp (médios agricultores) e investimentos, continuam fechados.
O governo ainda trabalha com a possibilidade de realizar novas adequações no orçamento ou solicitar crédito suplementar ao Congresso, por meio de um Projeto de Lei do Congresso Nacional (PLN), para autorizar a reabertura dos financiamentos equalizados sem incorrer em crime de responsabilidade fiscal. Mas falta de espaço no caixa da União.
Fonte: Valor Econômico adaptadas pela equipe MilkPoint.