A multinacional indiana Tata Consultancy Services (TCS), de serviços de TI, desenvolveu uma solução que combina sensoriamento remoto e Internet das Coisas (IoT) para quantificar o sequestro de carbono na atividade agropecuária. Em projeto-piloto nos Estados Unidos, a tecnologia reduziu o custo de certificação desses créditos em até 80%.
O mercado de carbono está dando seus primeiros passos no Brasil. A empresa calcula que o país poderá gerar quase US$ 9 bilhões em créditos quando o mercado de carbono for regulamentado. Após a definição dos protocolos (as fórmulas para cálculo de sequestro de CO2 equivalente), a tecnologia da TCS servirá para medir os volumes de carbono que o solo e a biomassa das plantas retêm e também para verificar se as fazendas estão adotando boas práticas de manejo.
O diretor de tecnologia da TCS, Keiichi Harasaki, afirma que não existirá um protocolo único para calcular o sequestro de CO2 equivalente, mas vários, personalizados a cada cultura e região. No entanto, a recomendação de técnicas de manejo que ajudam a fixar o carbono no solo e na biomassa das plantas tende a ser unânime. Entre elas, destacam-se o plantio direto, a rotação de culturas e o uso de plantas de cobertura.
“Se o produtor diz que não consegue fazer plantio direto, basta começar praticando a rotação de culturas. O solo vai, naturalmente, ficar menos ressecado e apto ao plantio direto. É um processo gradual ao qual ele precisa aderir”, afirma o executivo.
As áreas cultivadas com soja e milho – que, nos cálculos da TCS, chegarão a 58 milhões de hectares -, têm grande potencial de gerar receita ao Brasil: somadas, elas podem render US$ 1,76 bilhão por ano ao país. Ao todo, caso os produtores convertam 474 milhões de hectares em sistemas de integração lavoura-pecuária-floresta (ILPF), os ganhos anuais podem chegar a US$ 8,78 bilhões.
De acordo com Harasaki, para popularizar a plataforma entre pequenos produtores, a aposta da múlti são as cooperativas e entidades de classe que reúnem grandes áreas. A adesão dessas organizações ajudaria a reduzir ao máximo o custo por hectare.
“O mercado não se popularizou antes porque o custo para fazer a certificação é muito alto, cerca de US$ 10 por hectare. Nós conseguimos baixar para até US$ 2 dólares por hectare”, diz. “Tem também uma questão de facilidade para divulgar. Precisamos de uma mudança cultural para o produtor aderir ao protocolo”.
A DFI conta com informações coletadas em campo, mas a maior parte do trabalho é feito via satélite. Por meio de imagens multiespectrais, a tecnologia registra o vigor vegetativo e calcula a capacidade de sequestro de carbono biomassa, além de identificar os nutrientes e a umidade no solo.
Fonte: Valor Econômico